14 livros para comemorar o Dia Nacional do Livro

Para comemorar o Dia Nacional do Livro, o Buteco Literário reuniu convidou a equipe do CDB para contar para a gente quais livros nacionais mais marcaram as suas vidas. Confira!

Homens Elegantes, Samir Machado de Machado

homens_elegantesHomens Elegantes é o novo livro do escritor e roteirista, Samir Machado de Machado. Ele aproveitou seus materiais de pesquisas históricas sobre a sociedade do século XVIII e do iluminismo, que ficaram de fora do seu livro anterior, para construir Homens Elegantes. O livro é uma aventura que surgiu a partir de uma passagem do livro As Horas, de Michael Cunnungham. Em Homens Elegantes, Érico Borges, é um fiscal de alfândega brasileiro e veterano da Guerra Guaranítica, que é enviado a Londres em 1760. Seu objetivo é investigar uma rede de contrabando de um dos artigos mais controlados no comércio brasileiro de então: livros. Assim, ele se vê saindo de um Brasil Colônia de mentalidade quase medieval, direto para um dos centros nervosos do Iluminismo. Homens Elegantes é obre assumir identidades, é sobre o impacto da leitura sobre o indivíduo, sobre o poder destruidor das certezas absolutas contra o questionamento. É também sobre confeitaria enquanto arte, arte enquanto comércio, comércio enquanto religião.

Por: Felipe Borba

A Marca de uma Lágrima, Pedro Bandeira

a-marca-de-uma-lagrima-pedro-bandeira-d_nq_np_13702-mlb2693312042_052012-fSou vintage – como vinho, eu vou apurando com o tempo. Recordo com leve ar saudosista as coisas da minha infância que formaram a leitora-pessoa que hoje sou. Como muitos, sou herdeira da coleção Vagalume – muito embora não tenha lido todos os volumes. Posso afirmar, no entanto, que o autor que moldou meu olhar para a literatura e para seus múltiplos desdobramentos (séries fílmicas, televisivas e internéticas), foi um apócrifo das palavras segundo essa coleção: Pedro Bandeira e seu excelente “A Marca de uma Lágrima”.

A história é uma versão da peça “Cyrano de Bergerac” de Edmond Rostand, tendo, porém, o gênero dos protagonistas invertidos. Com grandes pitadas de suspense, drama, romance, intercaladas com muitas poesias, somos introduzidos no infinito particular da jovem Isabel, uma menina inteligente e sensível, e, como boa adolescente, cheia de inseguranças. À personagem principal devoto imensa gratidão. Foi ela quem me apresentou a Fernando Pessoa e à ideia de que a poesia é uma forma de expressão de si mesmo acessível à qualquer um – seja você o Drummond, ou uma das pessoas de Fernando, ou uma adolescente passando pelas agruras intermináveis da sofrência (que àquela época se chamava do amor não correspondido).

“A marca desta lágrima testemunha que o amei perdidamente
Em suas mãos depositei a minha vida, e me entreguei completamente.
Assinei com minhas lágrimas cada verso que lhe dei
Como se fossem confetes de um carnaval que não brinquei.
Mas a cabeça apaixonada delirou
Foi farsante, vigarista, mascarada
Foi amante, entregando-lhe outra amada
Foi covarde que, amando, nunca amou!”

Por: Sel Moreira

Agosto, Rubem Fonseca

agostoAgosto, de Rubem Fonseca, acompanha os acontecimentos que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas, mas apenas como pano de fundo. A trama acompanha um detetive de polícia investigando um assassinato. Personagens ricos, que nos levam a nos preocupar com eles, uma história interessante e bem amarrada e o principal: tudo muito atual, já que intrigas políticas nunca ficam datadas.

Por: Marcelo Seabra

Sem medo de falar, Marcelo Ribeiro

sem-medo-de-falar-marcelo-ribeiro-ligia-braslauskas-livro-600Marcelo Ribeiro é um corajoso autor mineiro, que em 2014 publicou seu livro, onde narra os abusos sexuais sofridos por ele na infância/adolescência. Este é o momento em que a maioria das pessoas dizem que não gostam de ler sobre “esse tipo de coisa”. Mas é também neste momento que eu digo que apesar do peso do assunto, o texto não pesa na alma. Pedofilia é crime, mas também a vejo como tabu. Muita gente evitando o assunto por ser “feio”. A proposta do livro do Marcelo é completamente diferente! Não é denunciar ou chocar! É prevenir, alertar, ajudar, libertar…

“FUI ABUSADO NA INFÂNCIA. Só quando consegui pronunciar essa frase para minha mulher, aos 42 anos, é que pude começar a viagem em busca do meu passado. […] Não sofri um abuso apenas sexual […]. Também fui abusado e moralmente. […]” “[…] O silêncio é o melhor amigo da pedofilia. […]”

Por: Sarabólica

A hora de estrela, Clarice Lispector

a-hora-da-estrelaUm dos meus livros preferidos e o primeiro que eu li de Clarice. Caí de amores pela autora que, por meio de Macabéa, despertou em mim tantos sentimentos: pena, espanto, incredulidade, tristeza e o próprio amor. A obra fala da fragilidade da vida e da beleza do momento que é inevitável e nos torna verdadeiramente humanos: “pois na hora da morte a pessoa se torna brilhante estela de cinema, é o instante de glória de cada um.” Profundo sem deixar de ser poético. Real, mas com o poder de nos fazer sair da nossa zona de conforto. Um verdadeiro soco no estômago, assim como a vida.

Por: Larissa Borges

Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa

downloadA força da história de Riobaldo, contada por ele mesmo a um médico que passa por sua casa, é ponto forte da obra mais conhecida do autor mineiro Guimarães Rosa. A filosofia do jagunço em suas andanças pelo interior do Brasil, árido e cheio de violência, faz com que a trama fique ainda mais marcante. Diadorim, companheiro das andanças nos trabalhos permeados de vingança e traição é amigo constante de Riobaldo. Fundamental é a lição do jagunço: “viver é muito perigoso”.

Por: Aline Homssi

Dias Perfeitos, Raphael Montes

13671_ggDias Perfeitos é perturbador, prefiro não enrolar pra dizer isso. O segundo livro do jovem escritor carioca mostra a relação doentia entre o estudante de Medicina Téo e a garota cheia de vida Clarice. Ele não tem muita afeição por ninguém, mas no momento em que conhece a moça cheia de atitude e opinião, decide que eles foram feitos um para o outro e vai fazer de tudo para que fiquem juntos. Não se engane, não é uma história de amor, mas de obsessão, machismo e controle. Nas mãos de outra pessoa, poderia ter se tornado algo que provocaria asco, mas nas mãos de Montes virou uma narrativa curiosa e mórbida.

Por: Graciela Paciência

A Rosa do Povo, Carlos Drummond Andrade

a-rosa-do-povoDrummond de Andrade é uma das minhas grandes paixões! Escrito durante a 2ª Guerra Mundial, A Rosa do Povo conta com 55 poemas e é considerado a maior expressão do lirismo social e modernista, representando uma época sombria, que refletia as dores e a agonia do povo. No livro, a rosa representa a expressão das pessoas em um período  que era difícil ter esperança. Mesmo sendo uma grande símbolo revolucionário, A Rosa do Povo apresenta diversos temas, tais como participação política, a visão cética e imagens surrealistas. A obra ainda é repleta de metáforas e sempre atual!

Por: Felipe Borba

agora aqui ninguém precisa de si, Arnaldo Antunes


14914745_1112027532199544_843570377_nDurante um evento promovido pela editora
Companhia das Letras, foi levantada a questão de que “roqueiros” tem fama de não gostarem de poesia. Posteriormente, Arnaldo Antunes foi questionado sobre um caminho mais dinâmico para que os jovens leitores se afeiçoem um pouco mais por esse gênero literário. Em resposta, o autor foi bem direto ao dizer que “os professores devem sair do convencional” e até sugeriu a leitura dos livros de Paulo Leminski.

Durante o mesmo evento, Arnaldo Antunes escolheu e recitou de cor um poema intitulado “coleção de esquecimentos”. É o meu preferido, e a situação toda me arrancou muitas lágrimas. Poemas com escassez de pontuação e variedade de sentidos, o nada sendo alguma coisa, os pesos diários, os estragos que a falta de determinação traz; poema que não consegui ler pausadamente. A diversidade de formas e temas fez com que meu carinho por esse livro se tornasse ainda maior.

Esse livro me emociona muito! Tenho muito amor por ele!

“eu tenho uma coleção de esquecimentos

e apenas duas mãos para ver o mundo

meu dia passa inteiro num segundo

mas nada abafa a voz dos pensamentos

nem frontal e nem melantonina

eu tenho saudade de um soldado

do que haveria de ser o meu passado

de tudo o que escapou da minha sina

desculpas, culpas, lapsos de sinapses

impregnam minha corrente sanguínea

e sigo apassivando a carne ígnea

e aplainando os vértices dos ápices

eu sou o super-homem submisso

às rotas da rotina e ao tempo escasso

enquanto esqueço do próximo passo

anoto outro novo compromisso

queria estar a sós comigo mesmo

e ter a eternidade toda em torno

desfalecer no fogo desse forno

até me desfazer como um torresmo

Por: Sarabólica

A bolsa amarela, Lygia Bojunga

a-bolsa-amarela-1_zpscraj5cbkEsse é um dos meus livros preferidos e que marcou minha infância. A forma como Raquel (personagem principal) vê o mundo, repleto de imaginação, é a parte mais encantadora.  Ela tem três vontades: a de ter nascido menino (meninas tem que seguir muitas regras), a vontade de crescer (os adultos podem falar o que pensam) e de ser escritora (de se expressar para o mundo e de ser ouvida). Todas elas são reprimidas em uma bolsa amarela, que ela leva de um lado para o outro. Embora seja uma narrativa para crianças, ele traz reflexões importantes sobre não reprimir seus sonhos e sobre determinação.

“Ás vezes a gente quer muito uma coisa e então acha que vai querer a vida toda. Mas aí o tempo passa. E o tempo é o tipo do sujeito que adora mudar tudo. Um dia ele muda você e pronto: você enjoa de ser pequena e vai querer crescer”.

Por: Larissa Borges

Depois daquela viagem, Valéria Piassa Polizzi

livro-2Em 1986, Valéria tinha 15 anos e fez uma grande viagem, onde conheceu um rapaz encantador e mais experiente do que ela. O namoro teve uma duração razoável, mas as consequências da relação sexual sem preservativos foram além. Em uma época em que havia pouca informação a respeito e o preconceito com quem tinha o vírus HIV era ainda maior do que hoje, a jovem precisou buscar forças para manter ou refazer seus planos. Depois Daquela Viagem é encantador porque é real, apesar de doloroso, narrado por uma jovem e livre de preconceitos. É possível entender a confusão na cabeça da adolescente e se emocionar com a estrada que ela percorre.

Por: Graciela Paciência

Os Sete, André Vianco

Vampiros portugueses no Brasil? Sim! A descoberta de uma caravela com cinco cadáveres pode desencadear uma série de acontecimentos e perseguições em São Paulo e Osasco. Com Os Sete, André Vianco iniciou a carreira e a saga que rendeu outras cinco histórias. Foi o primeiro livro do autor que eu li e também o responsável pela minha admiração por Vianco. Sua escrita deixa o leitor cada vez mais curioso e Os Sete tem suspense, romance e muita ação.

Por: Graciela Paciência

Um poema para Bárbara, Mônica Sifuentes

1190-20150312155823Os dois personagens principais (Bárbara Eliodora e José Inácio) e reais, são muito marcantes, ambos de personalidades fortes. Tais qualidades realmente me seduzem. Além disso, a autora Mônica Sifuentes consegue inserir a ficção do romance do casal (diálogos, olhares, sensações) no contexto histórico do qual eles fizeram parte, sem que o leitor nem perceba. É um livro que proporciona lazer e aprendizado! Aprendizado sobre Portugal, Brasil e, em especial, Minas Gerais. Mas um aprendizado envolvente.

Esse livro me abriu muitas portas, mas também abriu meu coração para a literatura nacional e romântica. O trecho abaixo é parte de um poema recitado em um dos Saraus promovidos pelo pai de Bárbara Eliodora, Dr. Toledo. Foi quando os dois se conheceram.

Ao amor, cruel e esquivo

Entreguei minha esperança,

Que me pinta na lembrança

Mais ativo e fero mal.

Não verás em peito amante

Coração de mais ternura,

Nem que guarde fé mais pura

Mais constante e mais leal.

“O templo de Netuno, Rondós”, Manuel Inácio da Silva Alvarenga

Por: Sarabólica

Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

memorias-postumas-bras-cubas9Um livro que já começa quebrando suas expectativas, afinal, quem conta a história é um defunto, que dedica a obra ao primeiro verme que roeu suas frias carnes. Ironia, sarcasmo, desprezo, ceticismo. Brás Cubas leva para suas memórias os sentimentos que exercia durante a sua vida. E, nos mostra a miséria do mundo e da humanidade por meio dessas impressões. Um clássico, que marca o início do realismo na literatura do Brasil, que faz uma sátira da sociedade brasileira da época e que nos envolve. Vale a leitura. Por: Larissa Borges

E para você, qual livro nacional merecia estar em nossa lista?