[Post atualizado em 3 de fevereiro de 2016]
Com nove indicações ao Oscar, Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) tirou o mexicano Alejandro González Iñárritu de sua zona de conforto, ao dirigir sua primeira comédia.
Antes, sua marca registrada eram os dramas carregados de tragédia, frequentemente entrelaçando histórias envolvendo diferentes classes sociais. Em 2016, o cineasta disputa mais uma vez a estatueta mais desejada do mundo do cinema. Com 12 indicações, incluindo direção e filme, O Regresso é um dos principais candidatos ao Oscar 2016.
Conheça toda a trajetória do cineasta:
Amores Brutos
Como feito posteriormente em 21 Gramas e Babel (mas aqui em seu idioma nativo), no seu longa de estreia, Iñarritu conta três diferentes histórias conectadas por uma tragédia: a do o pitboy Octavio (Gael Garcia – em seu primeiro longa); o abastado, mas problemático, casal Daniel e Valeria; e o morador de rua Chivo, que não consegue tirar sua família da cabeça. Extremamente sensível ao conectar diferentes classes sociais sem subjugá-las, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (e só perdeu porque foi para O Tigre e o Dragão) e ganhou o prêmio da semana da crítica em Cannes. (Larissa Padron)
21 Gramas
Três histórias dolorosas e interligadas, com atuações de primeira e uma montagem que desafia o espectador a construir seu próprio filme na cabeça. Talvez o melhor momento de Iñárritu até agora.
Lançado em 2003, o longa-metragem foi filmado em ordem cronológica – apesar da ordem do filme ser totalmente não linear. Tanto Naomi Watts quanto Benício Del Toro receberam indicações ao Oscar, por Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante, respectivamente. O grande trunfo da obra de Iñárritu, que novamente trabalha com uma narrativa complexa, é mostrar o lado humano do sofrimento e angustia de seus personagens. Mesmo quando decidem fazer as coisas certas, acabam demonstrando fraquezas e optando por decisões equivocadas.
21 Gramas ficou em 40 lugar na nossa seleção dos 100 Filmes Favoritos do Cinema de Buteco.
Babel
Babel conta, paralelamente, quatro histórias em quatro lugares do mundo relacionados de alguma forma. Como pequenos atos podem ter conseqüências enormes e como a realidade pode ser dura. Brad Pitt está excelente em seu papel, interpretando um homem maduro que tenta resgatar seu casamento após a morte do terceiro filho. Inevitável a comparação do papel de Gael García Bernal, aqui como um mexicano “sacana”, com seu papel em Ensaio Sobre a Cegueira, como um cego maldoso e repugnante.
É um filme complicado, por vezes cansativo, mas que vale a pena ver até o fim. A crueza de algumas cenas e o forte sentimento que passa até nós, seja de piedade da japonesa que tenta, da pior forma, se integrar à sociedade que a discrimina, seja de solidariedade à mexicana menosprezada pela polícia estadunidense, ou seja de compreensão pelos garotos arrependidos de seu ato inocente, já vale por si só. (Thaynara Faleiro)
Biutiful
Biutiful conta a história de Uxbal (Javier Bardem), um sensitivo/médium, pai solteiro, que descobre que está com câncer e tem que “fazer a passagem”. O que inclui entrar em contato com sentimentos como culpa, compaixão, amor, e também com toda a podridão que o acompanha e o rodeia. Uxbal então tem como missão corrigir erros e acertar algumas pendências em vida, uma delas ligada ao destino dos dois filhos pelo quais ele tem um amor cego e que são criados por ele devido à instabilidade psicológica da mulher, Marambra (Maricel Álvarez), enquanto tenta aceitar a ideia da morte. (Juliana Lugarinho)
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Vamos dizer a verdade? A história não é lá tão original assim, já que anos atrás Jean Claude Van-Damme fez algo bem parecido em JCVD, uma espécie de cinebiografia de um ator decadente. De qualquer forma, Van Damme é Van Damme, e Michael Keaton é ex-Batman. O trabalho de montagem genial, aliado com uma trilha sonora aplicada de maneira ainda mais genial torna a narrativa muito contagiante e potencializa o desempenho do elenco. (Tullio Dias)
Iñarritu saiu de sua zona de conforto do drama e realiza a melhor direção da sua carreira em Birdman. Aliado a fotografia genial de Emmanuel Lubezki, o longa escancara o desejo que todos carregamos de sermos sempre relevantes para os outros. Colocar isso no meio de maior ego do mundo (a vida de ator), na pele de um ex-Batman, cercado por um elenco sensacional, é a cereja do bolo. (Larissa Padron)
Birdman venceu o Oscar de Melhor Filme e rendeu ao diretor seu primeiro Oscar de Direção.
O Regresso
O Regresso é um grande filme, mas peca pela sua pretensão em ser um épico inesquecível. Inárritu constrói uma obra fria sobre os limites humanos, mas não passa disso. É espetacular por mostrar uma bela história de vingança com dois atores inspirados. (Tullio Dias)
O que faz de O Regresso um ótimo filme é sua narrativa realística e envolvente de uma história de total superação e sobrevivência. Com uma fotografia de tirar o fôlego nos quesitos cor e movimentos de câmera e um elenco extremamente comprometido (destaque para Will Poulter e Domnhall Gleeson), Iñárritu nos proporciona uma experiência única. (Dani Pacheco)
Publicado originalmente em 22 de fevereiro de 2015.