Olha, se você gosta de um bom thriller de sequestro e quer ver atores que conseguem fazer mágica com pouco, Não se Mexa da Netflix pode até ser a sua pipoca de sábado. Mas se você espera algo além de um checklist de clichês com uma pitada de inovação, melhor baixar as expectativas. Brian Netto e Adam Schindler tentam entregar tensão, mas o roteiro deixa essa missão mais difícil que um jogo de escape room com uma porta emperrada.
O básico da história: Iris (Kelsey Asbille), uma mãe que ainda tenta juntar os pedaços depois de perder o filho em um acidente bizarro, resolve dar um fim à sua dor saltando de um penhasco. Entra Richard (Finn Wittrock), um cara que, no início, parece o terapeuta improvisado que você nunca quis, mas logo se revela como aquele tipo de psicopata que acha que é um gênio maquiavélico. O twist? Richard injeta um soro paralisante em Iris, dando a ela 20 minutos para agir antes que seu corpo se torne um boneco de cera.
Primeiro, o que funciona: Kelsey Asbille e Finn Wittrock trazem seu melhor jogo de olhar. Asbille é convincente como uma mãe destruída e, mesmo paralisada, consegue expressar desespero com microexpressões de fazer inveja ao curso intensivo de teatro. Wittrock, por outro lado, faz um vilão que caminha na linha entre o charmoso e o sinistro, sem virar uma caricatura de “eu sou mau, muahaha”. O problema é que o roteiro só dá a eles um parquinho com um único balanço e sem espaço para correr.
O que falta? Ah, a profundidade. Enquanto a ideia de Iris estar literalmente paralisada pelo luto é uma boa metáfora, o filme não sai do raso. Temos flashbacks e menções à morte do filho, mas nada que realmente nos faça mergulhar na psique dela. É como ter uma piscina na festa, mas só a parte rasa é liberada. O suspense se apoia em conveniências de roteiro e em diálogos que parecem escritos em um guardanapo durante o almoço.
E, vamos falar sobre a tensão: o filme promete perseguições de roer as unhas, mas a execução deixa você mais distraído pensando em checar o celular. A trilha sonora tenta fazer o trabalho pesado, mas soa mais como aquele amigo que tenta te convencer que algo é assustador só porque está gritando “olha, que medo!”. E não vamos nem começar a falar do CGI que faz você sentir falta de efeitos práticos dos anos 90.
Não se Mexa tem lampejos de um thriller eficiente – a corrida contra o tempo, a boa química entre protagonista e vilão –, mas falta coração e coesão. É como uma pizza que você pediu sem muita expectativa: dá para comer, mas você fica pensando no que poderia ter escolhido no lugar. Se estiver no mood de algo sem muito compromisso e não se importar em desligar o cérebro por 93 minutos, vá em frente. Se não, talvez seja melhor buscar outro filme na prateleira do suspense.