Quer entender o que acontece no fim de Não Fale o Mal? Bem, se você esperava um final chocante e visceral como no original dinamarquês de 2022, prepare-se para uma decepção.
O remake americano, estrelado por James McAvoy, transformou o brutal terror psicológico em uma versão Disney meets Tarantino, só que sem a genialidade de ambos. A história começa promissora, mas o terceiro ato joga tudo no lixo como se fosse um churrasco queimado no último andar de O Poço.
Em Não Fale o Mal, acompanhamos uma viagem de férias de uma família em crise. Eles decidem passar um final de semana com um casal de novos amigos e aos pouquinhos vão se sentindo cada vez mais desconfortáveis na companhia desses desconhecidos.
O que acontece no final de Não Fale o Mal?
Vamos lá.
Até chegar ao terceiro ato, o filme até estava se segurando. Nada espetacular, mas dentro do esperado para um remake americano. James McAvoy entrega o que pode, e até os detalhes de alguns personagens mudaram sem comprometer tanto a história. Mas então chega o final, e é aqui que o diretor parece ter ficado com medo de deixar o público traumatizado – algo que o original faz com maestria. Ao invés de seguir o caminho sombrio do filme dinamarquês, onde ninguém é poupado, o remake decide aliviar a barra para as pobres crianças, entregando um desfecho digno de sessão da tarde com requintes de vingança barata.
Esqueceram de Mim com psicopatas
No terceiro ato, quando finalmente descobrem que seus novos “amigos” são, na verdade, um casal de lunáticos que coleciona famílias como troféus, os protagonistas, ao invés de sofrerem as terríveis consequências como no original, têm uma revolução digna de Esqueceram de Mim. Ao melhor estilo Kevin McCallister, eles tramam um jeito de escapar e eliminam o casal psicopata. Claro, porque se uma coisa que aprendemos com remakes americanos é que vilões precisam morrer de forma estilosa para garantir uma vitória catártica e “cheia de emoção”.
O filme troca o choque, a dor e a reflexão brutal do original por um final onde os mocinhos saem com vida e o público pode ir para casa dormir tranquilo, sabendo que o bem venceu o mal. Porque, afinal, o que seria de Hollywood sem um final redondinho para deixar todo mundo feliz, né? Esquece o fato de que Não Fale o Mal é sobre a crueldade da impotência e a inevitabilidade do mal – aqui, o bem sempre vence com um combo de pipoca, refrigerante e muitos aplausos.
A grande revolução
Livres do mal, a família protagonista carrega consigo o pequeno sobrevivente (claro, as crianças precisam ser poupadas) e deixam um rastro de morte e vingança para trás, como se tudo isso fosse parte de uma terapia intensiva de grupo. No fim das contas, o remake abandona a ousadia visceral do original para entregar um desfecho previsível, uma fórmula padrão de Hollywood que não sabe como lidar com finais trágicos.
E é isso! Um remake que prometia mas preferiu não traumatizar ninguém – afinal, pra que chocar o público quando você pode entregar algo mais suave e vendável, não é mesmo?
Parabéns, remake: você conseguiu transformar um filme de terror psicológico numa sequência de vingança leve e “divertida”.