Gosto muito de histórias sobre personagens reais, pessoas que de fato impactaram o mundo, para o bem ou para o mal. E isso não é diferente na minha experiência cinematográfica, pois tenho uma tendência em buscar as obras “inspiradas em fatos”, tanto em filmes, quanto em séries.
Quando vi que o catálogo da Netflix foi atualizado com a série “Griselda”, criei uma grande expectativa, pois é também uma obra que retrata uma figura feminina importante na história do narcotráfico colombiano e estadunidense, o que resume outra de minhas preferências ao buscar algo para ver: histórias baseadas em crimes reais.
Um destaque importante da série é em como ela se inicia; uma frase supostamente dita por um dos maiores expoentes do tráfico de drogas colombiano e internacional, o líder do cartel de Medellín, Pablo Escobar: “O único homem de quem tive medo foi uma mulher chamada Griselda Blanco”.
Começamos a história com a apresentação da nossa personagem principal, Griselda Blanco, que é interpretada pela excelente Sofia Vergara, bem mais conhecida por seus papéis cômicos, em especial a emblemática e hilária Gloria Pritchett, de Modern Family, personagem que lhe rendeu indicações e prêmios. Vergara é também uma das produtoras da série. Griselda é uma mulher envolvida com o narcotráfico na Colômbia e, ao se ver em uma situação ameaçadora, se desvencilha de seus chefes e foge para os Estados Unidos, mais especificamente para Miami, junto de seus três filhos. Ainda que Griselda tente criar meios legítimos para trabalhar e garantir a sobrevivência de sua família, o que ela mais sabe fazer é traficar cocaína. A partir daí, Griselda estabelece importantes conexões e inicia sua carreira como narcotraficante na cidade.
A “madrinha da cocaína” construiu sua carreira em Miami em meio a muita violência, encomendando assassinatos de adversários, e até mesmo de aliados e seus familiares, o que incluiu a morte de mulheres e crianças. Há indícios de que ela esteja ligada a cerca de 200 assassinatos. Griselda é retratada na série como uma mulher impiedosa e disposta a destruir tudo e todos ao seu redor a fim de manter seu império e sustento se seus filhos, o que se mostrou como sua maior motivação.
Não sabemos ao certo o que realmente é realidade e o que foi construído para tornar a narrativa ainda mais atraente e instigante, mas fato é que a minissérie consegue nos envolver do início ao fim, de forma surpreendente e eletrizante, inclusive nos fazendo questionar a todo momento a índole desta mulher. Com atuações brilhantes, a começar pela própria protagonista, assim como seus colegas de elenco, Griselda é uma experiência bastante instigante para quem, assim como eu, aprecia um bom true crime.
Fato curioso: o único filho sobrevivente dos quatro que Griselda Blanco teve, Michael Corleone – pausa dramática para essa incrível homenagem (rs)-, está movendo uma ação judicial contra os produtores da série, incluindo Vergara, e a própria Netflix, pelo uso indevido da história da família, sem devida compensação, violando os direitos ao utilizar suas imagens e semelhanças sem permissão. Isso se deu, inclusive, pois o próprio Michael teria apresentado a ideia em 2016 para a plataforma, porém as negociações não deram seguimento com alegações de que não havia interesse em usar as histórias do herdeiro de Griselda.