OS LEITORES DO CINEMA DE BUTECO ESTÃO CIENTES DO QUE PENSO SOBRE EXPECTATIVAS. Assim como devemos fazer com vasos de lavanda, não dá para criar. Desistam. Sejam felizes de outra forma. Ou aceitem as consequências de uma eventual frustração. Felizmente, no caso da lavanda é só comprar outro vaso ou trocar por um cacto. No caso de conteúdos de cinema e TV, bem, você pode sempre apertar o botão de desligar ou assistir a outra coisa.
No caso específico de True Detective, depois de uma temporada de estreia maravilhosa há quase dez anos, a série derrapou com outras histórias pouco inspiradas. Voltando agora para o seu quarto ano, intitulado Night Country, a série alimenta as expectativas do público, ansioso por um retorno triunfal e uma história capaz de superar o que Woody Harrelson e Matthew McConaughey fizeram na estreia.
Em Part 1, também conhecido como True Detective s04e01, ganhamos motivos para acreditar nessa possibilidade. Estrelado por Jodie Foster, Kali Reis e John Hawkes, a série conta a história do misterioso desaparecimento de um grupo de cientistas em uma estação de pesquisa no Alasca. A grande novidade é o flerte do sobrenatural, que adiciona muito na parte de investigação e evoca lembranças de Arquivo X, com a diferença é que a dupla em questão não tem ideia do que está lidando.
Danvers (Foster) recebe o chamado de um caso estranho na estação de pesquisa. Além de todos os cientistas terem evaporado no ar, uma língua humana é encontrada no meio da cozinha. Enquanto tenta descobrir o que está acontecendo, ela tem que lidar com a sua filha adotiva gravando um pornô amador com uma outra adolescente. Paralelamente acompanhamos Navarro (Reis), outra agente da lei, demonstrando interesse no caso por enxergar semelhanças com um caso antigo.
O reencontro das duas personagens é um tanto tenso, mostrando que existem rusgas de um passado não tão distante assim. Elas decidem trabalhar juntas para terem certezas da ligação entre os casos, mas são interrompidas com um aviso urgente: alguém encontrou uns corpos congelados no meio da neve. Tudo indica que sejam os próprios cientistas…
A grande questão aqui está no lado sobrenatural. Seja com a frase “ela acordou”, que ouvimos três vezes ao longo do episódio; o gigantesco urso polar caolho de pelúcia que aparece andando no meio da rua; e principalmente, o fato de uma mulher encontrar os corpos depois de seguir um sujeito aparentemente morto. São questões que nos fazem perguntar que porra é essa? e isso é uma delícia de sentimento, especialmente para o começo de uma nova temporada.
Foi uma estreia promissora e para todos aqueles que sabem do risco de criar expectativas, bem, nós gostamos de viver perigosamente, não é verdade?