review batem à porta

Review Batem à Porta: Filme de terror na cabana é imperdível

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Batem à Porta possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação. 

 

poster batem à portaCERTOS DIRETORES MERECEM A ATENÇÃO DOS CINÉFILOS, independente de gostarmos ou não de todas as suas obras. Eles merecem nossa atenção por serem exímios contadores de histórias e acertarem mesmo nos seus momentos menos inspirados. Na adaptação de Batem à Porta (Knock at the Cabin, M. Nighty Shyamalan, 2023), temos a segunda aventura consecutiva do diretor de O Sexto Sentido trabalhando em um texto feito por outra pessoa. Considerando a obra de Shyamalan, esse detalhe chama a atenção demais. 

No seu filme anterior, Tempo (Old, 2021), o cineasta indiano adaptou a graphic novel de Pierre-Oscar Lévy sem deixar de lado seu estilo e preferências. Em Batem à Porta, o diretor lança seu olhar para o elogiado trabalho do escritor Paul Tremblay e revisita o apocalipse pela primeira vez desde (o, agora, não tão odiado) Fim dos Tempos (The Happening, 2008). Podemos dizer que não ter o Mark Wahlberg fazendo DR com uma planta contribui bastante para a superioridade do filme mais recente. 

A trama conta a história de quatro pessoas esquisitas invadindo a cabana em que um casal está descansando com sua filha. Quando os quatro invasores começam com um papo louco de fim do mundo, o casal entra em pânico e começa a questionar as reais motivações dessa visita inconveniente. 

Em 2023, não deveria ser importante ou necessário eu avisar que se trata de um casal gay, afinal, casal é casal. São duas pessoas a fim de darem uns pegas umas nas outras, se virar do avesso, ser felizes, cagarem na cabeça uma da outra de vez em quando e ficar juntos para sempre. Ou não. Porém, é importante para a narrativa que esse detalhe seja notado. De forma nada sutil, Shyamalan lança seu próprio combate à homofobia ao dizer explicitamente que toda forma de amor é válida. Sabemos que o diretor gosta de pesar a mão e tá tudo bem. Ele entende seu público e sabe que muita gente não funciona na base de sutilezas. 

A genialidade de Shyamalan, curiosamente, repousa exatamente na compreensão do espectador e suas respectivas expectativas. Diante de nossa completa ignorância acerca dos quatro invasores e suas verdadeiras motivações (só sabemos o que eles dizem), é inevitável controlar as suspeitas de que se trata sim de um caso de homofobia de fanáticos religiosos. Especialmente pela presença intimidadora do personagem de Dave Bautista (o Drax, de Guardiões da Galáxia). 

A decisão de mostrar o passado do casal através de pequenos trechos é importante para criar um sentimento de empatia. É muito fácil se preocupar e envolver com uma criança, já que o impulso da proteção é instintivo, mas é diferente com adultos. Precisamos de informações para nos envolver e identificar com seus conflitos. No caso, os flashbacks são os ingredientes cruciais para sentirmos toda a indignação de um casal que passou por várias situações complicadas e delicadas. 

Sem apego com o mundo exterior, Batem à Porta dedica seu foco apenas para o interior da cabana e a consequência das ações/decisões dos personagens. As cenas de violência podem causar um pouco de desconforto, mas nada que os fãs do diretor ou do gênero terror já não estejam acostumados. O resultado é mais um acerto na filmografia de M. Night Shyamalan e um presente para os seus fãs. 

Batem à Porta está disponível no Globoplay dentro do Telecine.