O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A review de A Freira 2 possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
INVOCAÇÃO DO MAL É UM MARCO NO CINEMA DE TERROR DOS ANOS 2010. Além de gerar três filmes de alto nível, a franquia também ganhou seus spin-offs. Annabelle é um sucesso tão grande quanto a série original, já A Freira ainda luta para se consolidar. Pelo menos na parte técnica, pois os fãs são alucinadas pela personagem.
Anos após os eventos de A Freira, a irmã Irene tenta levar a vida com tranquilidade e sossego em um convento. Mas estranhas mortes ao redor da Europa chamam a atenção do Vaticano, que pede ajuda para a irmã combater a entidade demoníaca mais uma vez.
A primeira entrada de A Freira é uma obra incoerente e medíocre, com muito humor involuntário dentro de uma narrativa perdida em si. Lembro de ter dado boas gargalhadas na sessão, principalmente quando notei uma curiosa semelhança com Indiana Jones. Ainda que melhore na revisão, A Freira está abaixo até mesmo do fraco Annabelle.
A sua continuação, no entanto, oferece um nível maior de maturidade para trabalhar a essência do capiroto. Longe de querer dizer que é um belo exemplar do gênero ou que estará na lista de melhores filmes de terror de 2023, A Freira 2 corrige o problema de tom no original e dedica sua atenção para gerar sustos. E faz isso muito bem.
O que chama a atenção na série é a ideia central da religião como uma força que pode te matar e amaldiçoar. Não sei se é apenas na ficção, claro, mas ter uma freira possuída pelo capeta desperta sentimentos desconfortáveis no público. Minha esposa, por exemplo, gemeu e gritou em várias das cenas de A Freira 2. Ainda que os jumpscare sejam muito bem construídos, era a sugestão do mal que causava essas reações na Natalia e em parte das outras pessoas na sala.
Uma sequência em especial merece um comentário especial. Quando a irmã Irene está investigando a origem do mal, ela se depara com uma banca de revistas. Logo, ela começa a ver várias imagens aceleradas, como se as revistas e jornais ganhassem vida e fossem passando suas páginas. De forma sutil, embora previsível, a imagem do demônio Valak começa a surgir e o resultado é um dos melhores momentos de todos os filmes da franquia Invocação do Mal.
O roteiro de A Freira 2 (feito a seis mãos, o que raramente significa algo bom) brilha ao direcionar seus conflitos para crianças. Assim como Annabelle 2 já havia feito, a repetição da fórmula se mostra acertada porque é muito mais fácil a gente se identificar e se preocupar com crianças indefesas do que com adultos bundões. Já a direção de Michael Chaves está cada vez mais longe do sofrimento do esquecível A Maldição da Chorona e evolui o trabalho regular de Invocação do Mal 3.
A Freira 2, se não é um filme de terror excepcional, pelo menos é divertido o suficiente para fazer valer a pena dedicar o nosso tempo ao demônio Valak. Será que você concorda comigo?
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