A influência de Martin Scorsese no cinema contemporâneo é inegável. O diretor é um dos mais respeitados e aclamados da história, e seu trabalho inspirou nomes como Bong Joon-Ho, Spike Lee e até mesmo o diretor de Hereditário e Midsommar, Ari Aster.
À primeira vista, a obra de Aster parece um contraste com a de Scorsese. Seus filmes são violentos, perturbadores e muitas vezes questionam as convenções sociais. Já os filmes de Scorsese são geralmente mais lineares, centrados em personagens masculinos e exploram temas como crime e masculinidade.
Mas, apesar das diferenças, a influência de Scorsese está presente no trabalho de Aster. Em uma entrevista à GQ, Aster declarou que Scorsese é seu “herói”.
Uma das influências mais claras de Scorsese em Aster é o drama romântico A Época da Inocência (1993). O filme conta a história de Newland Archer, um advogado que se apaixona por uma mulher casada, Ellen Olenska.
Em uma entrevista ao Criterion, Aster disse que A Época da Inocência é “um dos filmes mais dolorosamente belos sobre amor não correspondido de todos os tempos”. Ele também comparou o filme a 45 Anos (2015), de Andrew Haigh, dizendo que ambos são “dois lados da mesma moeda”.
Aster já incorporou suas próprias formas de amor não correspondido em seus filmes. Em Midsommar, a protagonista Dani é abandonada pelo namorado, Christian, que a trai com outra mulher. Em Hereditário, a família Graham é assombrada por um espírito que representa o amor não correspondido da avó da família.
Mas nenhuma das histórias de amor não correspondido de Aster é tão dolorosa ou bela quanto a de A Época da Inocência. O filme é um retrato da dor da perda e da impossibilidade do amor. É um filme que fica na sua cabeça e no seu coração por muito tempo depois de assistido.