A Barbie, da empresa americana Mattel, é a boneca mais famosa do mundo, ou melhor, é um dos brinquedos mais populares de todos os tempos. Desde sua criação nos anos 1950, idealizada por Ruth Handler, ela tem sido um sucesso de vendas e seguiu acompanhando as mudanças no universo feminino. Nesse contexto, era natural que um filme live-action da personagem se tornasse um fenômeno muito aguardado pelo público.
Dessa forma, Barbie (2023) é escrito e dirigido por Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres, 2019) e traz Margot Robbie (de Babilônia, 2019) no papel da protagonista. Na sinopse, Barbie (Robbie) vive em sua rotina imutável na “Barbilândia” acompanhada de diversas outras Barbies e Kens, quando começa a questionar seu propósito por meio de uma crise existencial, que gera impactos no seu corpo e mente.
Assim, a fim de consertar o problema e voltar à ordem natural das coisas, Barbie precisa ir até o Mundo Real para se conectar novamente com sua humanidade. Dessa forma, Ken, interpretado por Ryan Gosling (Agente Oculto, 2022), decide acompanhá-la nessa jornada que traz revelações e descobertas surpreendentes para os dois personagens, mudando suas relações com as pessoas e bonecas e também com tudo que a Barbilândia representa.
Em primeiro lugar, é importante destacar o espetáculo visual e colorido que Barbie se constitui. A fotografia rosa do filme combinada com cenários que reproduzem fielmente o universo da boneca, com Casa da Barbie, carro da Barbie, praia da Barbie são muito criativos e teatrais. Ademais, os figurinos impressionam pela beleza e são inspirados pela estética camp, exagerada propositalmente, mas sem se tornar cansativa ao olhar. Quem cresceu brincando de Barbie, irá amar todas as referências e menções.
No quesito atuação, os grandes destaques são para Margot Robbie, que é, como explicado no filme, a perfeita “Barbie-estereotipada”. Acompanhar o amadurecimento da personagem e sua transformação, por meio da habilidade que a atriz tem de humanizar a boneca, é um deleite. Além dela, Ryan Gosling rouba a cena como Ken. Ele tem uma presença marcante em todos os momentos que aparece, ganha sequências musicais e um arco bem trabalhado.
O texto de Greta Gerwig também proporciona à atriz America Ferrera (de Superstore, 2015-2021) um monólogo marcante. É uma cena que se assemelha ao diálogo de Florence Pugh em Adoráveis Mulheres, da mesma diretora. Por falar no roteiro, Gerwig escreveu uma comédia muito direta, sem grandes subjetividades e afiada em todas as suas críticas. Algumas piadas podem não agradar a todos, mas, em geral, Barbie sabe tirar boas gargalhadas da audiência.
O “hype” e a antecipação das redes sociais e marketing do filme se justificam, e Barbie está levando várias gerações de mulheres ao cinema. Portanto, Barbie é um trunfo para a carreira da diretora, que demonstra caminhar para construir uma filmografia bem diversificada sem perder sua essência. Dessa maneira, nesse projeto ela comprova que é uma cineasta dedicada, inteligente e capaz de fazer críticas sociais com bom humor e entretenimento.