Escrito e dirigido por Christopher Nolan, cineasta responsável por obras icônicas como “A Origem” (2010), “Oppenheimer” conta a intensa e controversa história da criação da bomba atômica. J. Robert Oppenheimer, interpretado por Cillian Murphy (“Peaky Blinders”), foi um físico contemporâneo de Einsten, que ficou conhecido como “o pai da bomba atômica”, após ter sido responsável pela direção do Projeto Manhattan, durante a Segunda Guerra Mundial, que culminou na criação da bomba.
Com um elenco de peso e grandes atuações, o longa também traz Robert Downey Jr. (“Homem de Ferro”), Florence Pugh (“Midsommar”), Matt Damon (“Perdido em Marte”), Emily Blunt (“Um Lugar Silencioso”), Jack Quaid (“The Boys), Gary Oldman (“O Destino de uma Nação”) e Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”). As atuações se complementam muito bem, sem pontos muito fracos e sem a sensação de que apenas uma pessoa está “carregando o filme nas costas”. Mas vale destacar as incríveis atuações de Cillian Murphy e Robert Downey Jr., que tem tudo para aparecer na próxima temporada de premiações como indicados.
Cillian compõe um personagem intenso e que enfrenta inúmeros dilemas morais, além de toda a dificuldade de lidar com a sua genialidade. O roteiro e a atuação do protagonista acertam em te fazer entender por que pessoas aceitaram a ideia de desenvolver uma bomba atômica, sem nunca diminuir o horror absurdo desse fato e, principalmente, dos ataques a Hiroshima e Nagasaki. É impossível não sair do filme com um nó na garganta, um desespero pela maldade humana e um medo real do que homens com poder e recursos para grandes pesquisas e desenvolvimentos científicos são capazes.
Sendo uma obra baseada em fatos, não havia espaço aqui para a criação das grandes histórias “fora da caixa” pelas quais o cineasta muitas vezes é reconhecido. Mas assim como em “Dunkirk” (2017), Nolan escolhe não contar a história de maneira linear, indo e voltando no tempo para mostrar os ocorridos. Mais do que isso, é como se ele escolhesse contar duas histórias que se relacionam, de forma intercalada, e que apenas se ligam plenamente no final. E, para isso, usa inclusive da fotografia preto e branca para diferenciar uma das linhas narrativas. Isso, sem dúvida, deixa o filme mais criativo e com mais “cara de Nolan”, porém demanda atenção redobrada dos espectadores para acompanhar o desenrolar da história. A montagem final é criativa, mas perde em partes a clareza e diminui o ritmo em alguns momentos, podendo ser um ponto que divida opiniões do público.
Dito tudo isso, “Oppenheimer” é, sem dúvida, mais uma grande obra de Nolan, com um primor técnico de tirar o fôlego. Esse é um daqueles filmes que, se você tiver a oportunidade, não deixe de assistir no cinema e em IMAX, pois ele foi feito para isso e com certeza a experiência perderá parte do seu impacto se assistido na telinha. Sem CGI, o filme impressiona pelos visuais e pelos efeitos especiais. Outro grande acerto é a trilha sonora e a edição/mixagem de som criativas e que te emergem no filme – com um destaque para a mixagem de som do momento da explosão da bomba.
Junte tudo isso a uma história interessantíssima, com muito mais camadas do que aparenta, incluindo reviravoltas inesperadas, e que fala não só sobre a bomba atômica, mas sobre como ela mudou o mundo e as relações políticas, e temos um dos maiores filmes de 2023. Sim, com uma cena de nudez totalmente desnecessária e com três horas de duração que podem desanimar alguns expectadores. Mas passe no banheiro antes para aguentar, compre uma pipoca gigante e não deixe de viver essa experiência no cinema.