O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A Crítica de Vampiros de John Carpenter possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
EXISTE UMA AVALIAÇÃO VELADA NO CINEMA CHAMADA “REGRA DOS 15 ANOS”. Não sei quem inventou, mas sei que essa regra costuma ser cruel com aquelas produções que nos cativaram no passado. Vampiros de John Carpenter nunca foi um “queridinho”, embora eu seja muito fã do seu diretor. No entanto, após 21 anos de seu lançamento lá em 1998, tenho a convicção em afirmar que se trata de um incrível exemplar do “cinema canalha”.
Sabemos que o cinema sempre foi um retrato da sociedade e a cada ano evoluímos mudando determinados padrões de comportamento. É bem verdade que dificilmente um roteiro desses teria luzes verdes para ser filmado, afinal não é nada aceitável ver personagens masculinos vomitando machismo em cena. Claro que acontece, só que nada parecido com o que acontece nesse filme de vampiro bem classe b.
É curioso como o tempo nos faz refletir e sentir as obras de uma forma diferente. Apesar de nunca ter sido fã dessa bagaceira, tinha uma memória afetiva bem forte de ter visto essa obra nos cinemas e me divertido (como todo adolescente fã de filmes de vampiros) bastante com os caçadores de dentuços. Com 13, 14 anos de idade, a gente não tem a menor capacidade de problematizar acontecimentos. Já com 33, as coisas ficam um pouco complicadas de aceitar.
Até considerei abortar a ideia de falar sobre Vampiros de John Carpenter. Não bastasse o tratamento desconfortável para com a única mulher da história – fora as profissionais do sexo presentes no comecinho -, o longa-metragem é muito tosco. Bem mais que eu lembrava. Só que quem disse que não é possível tirar proveito dessa situação e apontar o que torna esse filme tão tosco?
As atuações possuem zero inspiração. James Woods é um canastrão tentando homenagear Stallone Cobra com seus óculos escuros, só que desprovido de qualquer carisma. Seu personagem é um verdadeiro babaca que fala merda o tempo inteiro. O roteiro é tão fraco que no final, o padreco entra na piadinha de macho enrustido e nos faz imaginar que os dois viverão grandes aventuras com estacas fálicas pelas estradas dos EUA.
Nem preciso falar da porra do vampiro gótico…
Eu queria entender o sentido da loira prostituta ficar amarrada nua. Entendo a parte em que o personagem vivido pelo irmão Baldwin menos talentoso dá um banho nela para limpar o sangue e tal, mas a tia tava peladona com a bunda pra cima. Não fez sentido algum. A situação fica mais esquisita depois que o cara começa a demonstrar um BIZARRO afeto pela mulher, que sem função alguma na narrativa a não ser levar esporro ou porrada, o beija no finalzinho.
Olha… Provavelmente existem filmes muito piores nesse sentido na história, porém não me lembro de ter me sentido incomodado com nenhuma obra igual aconteceu com Vampiros. Com mais de 25 anos de experiência e bagagem cinematográfica, e uma verdadeira evolução espiritual, ver Vampiros de John Carpenter é uma experiência esquisita.
Pior é constatar que John Carpenter teve seu canto do cisne em À Beira da Loucura, em 1994. Após isso são momentos pouco inspirados e que em nada fazem jus ao passado glorioso do cara responsável por verdadeiros clássicos do terror, de Enigma do Outro Mundo a Halloween.
Vampiros de John Carpenter é um belo exemplo de filme ruim que não é nada difícil detestar. É puro entretenimento vazio que funcionou como uma luva lá em 1998, mas que hoje deixa uma sensação de ter enfiado a cabeça dentro do meu próprio cu e ficado cheio de bosta no cérebro porque puta que me pariu. Que bosta.