Está chegando a hora de ver um novo Star Wars nos cinemas. É esquisito pensar que a maior saga de toda a história da humanidade depois da vida de João de Santo Cristo narrada por Renato Russo se tornou um produto comum para três gerações: é avô, pai e filho dividindo esse amor juntos nas salas de cinema do país inteiro.
Lá em 2002, quando foi a vez da minha geração curtir Star Wars com filmes inéditos, eu inventei de usar o mesmo corte padawan do Anakin Skywalker. Era uma época em que a internet ainda não havia atingido nem metade dos alunos da escola pública que eu frequentava. Claro que ver um moleque de trança e rabo de cavalo geraria um monte de zoação, mas lidei com isso para sustentar meu amor por uma história fantástica.
Leia a crítica: Star Wars: Os Últimos Jedi
O Ataque dos Clones permanece até hoje como o filme que mais paguei para ver nos cinemas com sete repetições. Só não é o filme a que mais vezes vi na vida, posto ocupado por Buffy – A Caça Vampiros (não me pergunte o motivo, mas vi quatro vezes no mesmo dia quando era moleque). Existia um calor que me obrigava a ver esses filmes antes de todo mundo e na companhia de outras pessoas apaixonadas. Isso foi se perdendo na medida em que fiquei mais velho, chegando ao ponto de quase perder Rogue One nos cinemas se não fosse o convite da minha amiga Babi.
Hoje, 11 de dezembro, notei que faltam menos de três dias para que o Episódio VII entre em cartaz. Vou admitir uma heresia que pode me render condenações perpétuas na escala moral de outros jedimaníacos: não acompanhei porra nenhuma desse lançamento. Mal vi um trailer e não sei absolutamente NADA do que vai acontecer.
Não tinha notado que a estreia já era nessa semana também. Meu plano era ver Star Wars nos cinemas, claro, mas num momento de calma e quietude, bem longe dos adolescentes barulhentos e mal-educados. No meu tempo, no meu sossego, na minha jornada em busca da Força. Era esse o meu plano pelo menos até algumas horas atrás…
Minha amiga Laura fez um convite despretensioso para assistirmos nessa quinta-feira. Folgado e falido como sou, perguntei se ela aceitaria trocar o meu ingresso pelo prazer da minha companhia e também por uma pequena aula com o básico do Facebook Ads. Mas a Laura é enrolada e provavelmente quis apenas despertar a Força dentro de mim…
Eis que horas depois sou notificado com uma matéria no Jovem Nerd falando dos primeiros reviews de The Last Jedi. Se O Despertar da Força emulou fortemente Uma Nova Esperança, é de se esperar que Os Últimos Jedi faça o mesmo com O Império Contra-Ataca, também conhecido como o melhor filme da saga. Pois bem. Os tais comentários iniciais indicam que se trata do MELHOR FILME STAR WARS. Isso é fucking muita fucking coisa.
Bastou ver um tuíte do Ryan Parker (do site The Hollywood Reporter) para que eu começasse a cagar tijolos. É a tal da prova social, tá ligado? Ver um cara foda falando bem de algo pode minar sua vontade ou explodir suas expectativas. No meu caso, de forma inesperada, estou com princípio de caganeira de nervoso por não ter ingresso para ver meia-noite em lugar algum em Belo Horizonte.
Ou vejo meio-dia ou depois do horário do trabalho – mas a verdade é que a Força bateu forte. Bateu forte para me lembrar porque amo tanto Star Wars e o quanto ver essa saga no cinema na sua data de estreia é uma daquelas tradições que nós não podemos deixar morrer nunca. Muito se fala sobre não construir expectativas com nada na vida e eu penso que isso é desculpa de quem nunca soube se recuperar direito depois de uma queda.
Gosto do risco constante da decepção porque se não for bom o suficiente para superar minhas expectativas, não é bom o bastante para ser lembrado. A vida faz a gente esquecer o que não presta e aprender com nossas experiências. Que venha o risco, que venha aquela trilha sonora maravilhosa do John Williams, que venha aquele letreiro que me faz chorar como uma criança, que venha toda a emoção que só um fã de Star Wars pode sentir.
Tô ansioso pra caralho.