A coluna Mesa de Bar desta semana traz mais participantes do que de costume: o Cinema de Buteco se reuniu para conversar com Leonardo Carnelos, membro do site e autor do recém-lançado Organização Autobiográfica, e saber um pouco mais sobre o processo de criação da história. Abra uma cerveja e junte-se a nós:
Tullio Dias: Olá, olá! Estou roubando o papel de apresentador do Lucas Paio para dizer que a edição desta semana na coluna Mesa de Bar é especial para falar do lançamento do livro digital do senhor Leonardo Carnelos.
E desta vez faremos o papo ao vivo no nosso grupo de WhatsApp. Loucura, loucura.
Como estão os senhores e senhoras? Vamos falar dessa Organização Autobiográfica?!
Lucas Paio: Pois é, Tullio Dias! Geralmente é só nóis dois nessa bagaça, mas dessa vez vamos juntar as mesas, encher de cadeiras, pedir umas caipirinhas e botar o Carnelos na ponta pra ele contar aí qual é o lance desse lançamento.
Leonardo Carnelos: Fala Tullio, tudo bem? E os ventos de BH? Grande Lucas, guten Morgen.
Tullio Dias: Aqui está tudo bem. Obrigado por perguntar! Quero começar com uma pergunta: qual é a trilha sonora perfeita para uma entrevista?
Leonardo Carnelos: Boa pergunta. Mas a resposta é pessoal, não generalista. Se tiver que responder rápido aqui, sugeriria para a nossa conversa Talking Heads.
Tullio Dias: Conta pra gente como é ser um autor publicado. Qual é a sensação.
Leonardo Carnelos: Está sendo divertido. Todo o processo foi. Desde a elaboração. Até receber o feedback das primeiras pessoas que leram. Recomendo para todo mundo.
Lucas Paio: Conta um pouco mais aí sobre o projeto, pra situar a galera. Como é a trama? Qual o gênero? É um conto, uma novela, um romance ou uma trilogia tolkeniana?
Leonardo Carnelos: Tecnicamente é uma noveleta (10.000 palavras), mas pra não complicar eu vendo como um conto de 50 páginas.
Lucas Paio: 10.000 palavras exatas?!
Leonardo Carnelos: Aproximadamente. Não sou tão maníaco a esse ponto.
Tullio Dias: Tem gente nesse grupo que certamente faria um esforço tremendo para atingir um número bonito e exato. Tipo, o Marcelo Seabra. Mas sem bullying.
Marcelo Seabra: [Emoji pensativo]
Leonardo Carnelos: Eu tentei emular a escrita de Nick Hornby. Um dos meus escritores favoritos. Autor, entre outros, de Alta Fidelidade. Eu me identifico muito com o Rob, protagonista do livro. Sou aficionado por cultura pop e um maníaco das listas. E a partir daí, tentei descrever uma fase da vida que todos nós passamos, mas nem sempre sabemos nos expressar.
Marcelo Seabra: E qual foi a lista da vez?
Leonardo Carnelos: A lista da vez remete diretamente ao titulo: Organização Autobiográfica. Eu passo por todos as obras de arte, músicas e filmes que marcaram momentos importantes da minha vida até então para entender o que está por vir.
Maristela Bretas: E a partir do retorno desta obra ja há outra sendo planejada para breve?
Leonardo Carnelos: Sim. Estou desenvolvendo já há algum tempo uma história de ficção científica. De vez em quando jogo ideias no meu perfil do Wattpad para testá-las. E dependendo do feedback elas são aproveitadas na história principal.
Lucas Paio: Isso que eu ia falar. Achei que seu primeiro livro na Amazon seria um sci-fizão!
Leonardo Carnelos: Acho que essa já foi minha intenção no passado. Mas o sci-fizão dá muito trabalho. Aí este conto passou na frente e não me arrependo. A experiência de rodar o processo completo até a publicação está sendo muito proveitosa e gerando ânimo para acelerar o processo do sci-fi.
Lucas Paio: Você levou quanto tempo pra escrever essas aproximadamente 10.000 palavras?
Leonardo Carnelos: Os primeiros 5 capítulos foram escritos em alguns poucos dias. Depois levei alguns meses com revisões beta, edição, criação da capa. Mais recentemente decidi incluir o capítulo 6 e final da história. Ele também me consumiu por volta de uma semana. E só depois disso senti que estava pronto para publicação.
Marcelo Seabra: E essas obras de arte trouxeram alguma reflexão biográfica? Você entendeu alguma das verdades do universo a partir dessa reflexão? Ou se conheceu melhor?
Leonardo Carnelos: Sim. Muito. Eu consumo arte para me tornar uma pessoa melhor. Mas as vezes ficamos entorpecidos com a realidade e não conseguimos absorver em nossas vidas as lições que algumas obras nos trazem. Por isso a reflexão se faz tão importante.
Marcelo Seabra: Você poderia dar um exemplo de uma contribuição de uma obra de arte para o seu crescimento?
Leonardo Carnelos:
Marcelo Seabra: Bons exemplos!
Lucas Paio: Olha só, Carnelos! Esse trecho do seu livro me deu um déjà vu e aí fui pesquisar aqui no chat do Buteco. Você falou que ia escrever um conto sobre isso, lááá em setembro de 2015
Leonardo Carnelos: Ah sim. Lembro bem disso. Ao fim da conversa tive certeza que deveria incluí-la no texto. A propósito, pessoas deste grupo são personagens.
Lucas Paio: Ih, caramba. Agora dá um spoiler aí!
Leonardo Carnelos: Mais spoiler? Acabei de compartilhar uma página inteira…
Lucas Paio: Spoiler de quem aparece no livro!
Tullio Dias: Eu lembro quando o Carnelos me mandou a versão original há alguns anos.
Foi bacana ser um Beta reader e ter acesso ao conteúdo antes de todo mundo. Essas coisas realmente funcionam para nos fazer envolver mais com a obra. É bacana.
Lucas Paio: Exibido.
Leonardo Carnelos: Hehehe
Tullio Dias: O conto mostra o quanto a música faz diferença em nossas vidas e como a gente que ama consumir esse tipo de conteúdo fica irritado quando notamos que as gerações mais novas não sabem valorizar tanto quanto a gente. Eles nunca saberão rebobinar VHS ou gravar música na fita K7.
Marcelo Seabra: Fazer seleções musicais em K7 pra namorada, como Nick Hornby mostra.
Leonardo Carnelos: Pois é. Eu tentei emular a escrita dele.
Lucas Paio: Essa geração playlist-de-spotify nunca vai saber a sensação de conseguir consertar uma fita K7 arrebentada com fita adesiva e enrolar ela toda de volta com caneta Bic.
Marcelo Seabra: Ou de quebrar o lacre, para não permitir regravações.
Lucas Paio: Ou de colar adesivo no lacre da locadora pra copiar em casa!
Um vizinho meu fazia isso, sabe…
Marcelo Seabra: Nem a classic skin do Winamp o pessoal conhece mais…
Leonardo Carnelos: Sim. Eu sou mais um surfando na onda de saudosismo da cultura pop dos anos 80. Mas acredito que muito além de apenas fazer referência e sentir saudade devemos olhar para a nossa geração e como a cultura pop influenciou nossa vida na prática e tentar entender nosso espaço no mundo hoje e a relação da nova geração com a arte, que é totalmente diferente.
Maristela Bretas: Fiz todas as opções citadas por Lucas e Seabra. Glória!
Leonardo Carnelos: E a manha de apertar REC + PLAY + PAUSE no gravador e só desapertar o PAUSE para não estragar a gravação do início da música na rádio.
Marcelo Seabra: Música e vídeo também. “Fazer passagem” é uma expressão morta.
Lucas Paio: Por outro lado, acho que o Carnelos devia aproveitar a tecnologia deste século 21 e fazer uma playlist com as músicas do livro, pra compartilhar com os leitores.
Leonardo Carnelos: Combinado.
Falar século XXI é coisa de quem nasceu no século XX.
Tullio Dias: Escrever é um grande prazer e aqui no Buteco temos uma equipe talentosa que gosta de ir além das críticas e reflexões.
O Carnelos também está na nossa equipe de escritores da ficção colaborativa A Maldição das Cinco Caipirinhas e em breve teremos um novo conteúdo.
O que você diria, Carnelos, que a sua história pode ensinar para seus leitores? Qual é a grande lição da sua obra?
Lucas Paio: “Grupos no WhatsApp podem ser produtivos”
Marcelo Seabra: Tudum tizzz
Leonardo Carnelos: Tullio, eu não sei se eu tenho uma grande lição a ensinar. Seria pretensioso da minha parte achar isso. Eu só descrevi uma jornada sob o meu ponto de vista repleto das músicas e filmes que amamos. Eu espero sim, que o leitor aproveite a história e eventualmente identifique-se com algumas delas. Se no final eu tiver conseguido convencê-lo a rever, mesmo que apenas mentalmente, a sua própria história e lembrar das músicas e filmes que o marcaram, já terei alcançado meu objetivo.
Reformulando. E não só aplicado ao meu conto.
Não pergunte o que a arte em geral tem a ensinar. Pergunte-se o que você vai fazer da sua vida a partir de suas percepções sobre a arte. Isso é o mais importante.
Tullio Dias: Sucesso, véi. Então é isso. Obrigado e boa sorte!
Marcelo Seabra: Sucesso com o livro!
Leonardo Carnelos: Obrigado!
Organização Autobiográfica está disponível na Amazon.