Comparado com os dois episódios anteriores desta oitava temporada, The Walking Dead s08e03, “Monsters”, acaba deixando um pouco a desejar. Desta vez acompanhamos as ações do grupo de Rick e Ezekiel, além da marcha organizada por Jesus para guiar os soldados rendidos até Hilltop.
O começo causa confusão desnecessária na mente do telespectador ao mostrar duas linhas temporais diferentes para as ações do rei Ezekiel e seu bando. Qual a importância de (mais uma vez) a série usar esse mesmo recurso, assim como na estreia da temporada?
Compreendo destacar Ezekiel justamente por conta do momento final em que seu exército é atacado deixando muitos mortos, o que acaba agregando uma carga emocional muito grande para o futuro. O Rei se vangloriou demais por estar numa guerra sem compartilhar perdas. Tudo tem o seu preço, não é mesmo?
O papo reto de Morales e Rick revela vagamente toda a trajetória do primeiro e como ele se tornou “Negan”. É algo que gosto de ver e dizer quando apresento o podcast ou as transmissões ao vivo. A gente assiste a uma série que mostra que qualquer um pode se tornar herói ou vilão.
Morales nos deixou para tentar a sorte com a sua família. Descobrimos que a verdade é triste e seu caminho foi sangrento, incluindo a perda de todos seus entes queridos. Isso transforma a pessoa, né? O papo entre os dois foi esclarecedor, mas não acabou durando muito tempo depois que Daryl entrou em cena disparando uma flecha no antigo aliado. “Você sabe quem era?”, perguntou Rick. “Sei, mas não me importo.”
Os olhares de Rick em dois momentos desse episódio dialogam com a ideia de sobrevivência, humanidade e misericórdia que estão aparecendo com frequência nesses episódios. Rick está notando o caminho sangrento que está tomando e que isso não o torna tão diferente de Negan assim. Especialmente após matar o pai do bebê Gracie, que acaba sendo entregue nas mãos de Aaron nos minutos finais do episódio.
Isso reforça aquela tal teoria de que o flashforward de The Walking Dead s08e01 apresentava Gracie e não Judith, que pode ser a grande morte desta temporada. Ao mesmo tempo que mostra um pouco de Rick mudando seu modo de agir e se aproximando mais do que Jesus anda pregando.
Falando no cabeludo, o conflito com Morgan foi inevitável. Ainda que a luta tenha sido um recurso preguiçoso para evitar um longo conflito verbal que demandaria horas extras no trabalho dos roteiristas, gostei de ver os dois em ação. Mais legal ainda foi o “Já acabou, Morgan?”, que para nós, foi um autêntico “Já acabou, Jessica?”, revisitando o velho meme.
Podemos ter excelentes momentos no futuro da temporada agora que se desenha esse conflito entre matar ou deixar viver, mas será necessário um cuidado maior da turma de roteiro para não deixar seus telespectadores com a indesejável sensação de serem tratados como idiotas. Ação desenfreada nenhuma compensa a falta de um roteiro inteligente ou que seja no mínimo decente.