É de se assustar saber que a ideia da (agora) franquia Atividade Paranormal não saiu da cabeça de um japonês. Depois de O Grito, Ringu e diversos outras produções respeitáveis, não seria impossível pensar que a história de possessão demoníaca poderia sair das mãos e mentes de profissionais sempre eficientes na arte de incomodar e assustar o público. Depois que Steven Spielberg assistiu ao filme original (que possuía um final conclusivo) e resolveu investir em cima, era de se esperar que cedo ou tarde começassem a aparecer sequências (inferiores) para faturar um pouquinho mais. Atividade Paranormal em Tóquio é a chance do público conferir a visão oriental de um dos filmes mais lucrativos de todos os tempos.
Ao invés de um simples remake, Atividade Paranormal em Tóquio dá prosseguimento na história que o público viu nos filmes norte-americanos (esse longa foi rodado paralelamente ao Atividade Paranormal 2) e transporta a “ação” para o Japão. Mantendo guardadas boa parte das informações necessárias para “entender” o que de fato está acontecendo (e esse é um dos pontos altos do filme, embora atrapalhe o entendimento de quem não assistiu aos longas anteriores) e revelando as informações aos poucos (o que sempre dá aquela sensação de surpresa), essa terceira parte de Atividade Paranormal supera o segundo filme e evitar gastar tanto tempo (e gastar a paciência do público) com cenas em que nada acontece. Porém a novidade e seu respectivo impacto se perdeu, inclusive existem semelhanças demais com o primeiro filme e isso chega a ser frustrante, como se o roteiro fosse incapaz de oferecer sacadas originais e que fossem capazes de assustar o público.
Claro que o recurso da primeira pessoa (a visão do ambiente através da camera dos personagens) continua muito bem utilizado. Ele cria a expectativa de não saber quem (ou o que) está por perto e facilita no desconfortável processo de “entrar” na pele do personagem para tentar imaginar o que a própria pessoa faria numa condição dessas. Somando com a trilha sonora igualmente fantasmagórica e o destaque para os efeitos sonoros, tais como os passos, as batidas e outros barulhos do além, torna-se uma experiência especial assistir qualquer exemplar da série.
A impressão é que a violência psicológica de Atividade Paranormal em Tóquio é gratuita e que o roteiro não consegue oferecer substância para ser convincente. As diferenças estéticas do cinema japonês podem dar um motivo a mais para que os não iniciados na franquia comecem pelo final. Com uma montagem bem mais ágil que nos filmes anteriores e misturando um pouco da própria cultura oriental, essa terceira parte de Atividade Paranormal pode ser bem impactante. Pessoalmente, acho que o que fez de Atividade Paranormal um marco do cinema era justamente a pouca técnica disponível, que deixou tudo extremamente independente, e que casava perfeitamente com o contexto do filme. Porém, não conseguimos nos sentir impactados com o que já deixou de ser uma novidade. Infelizmente. Mas nada disso nos impede de sentir calafrios durante as enas em que sabemos que algo está prestes a acontecer.