Burlesque

Uma ambiciosa garota do interior, com uma bela voz, encontra amor, família e sucesso em um bar de Los Angeles (Cinema em Cena).” ou “Jovem interiorana tenta se tornar estrela num cabaré em Los Angeles. (Estado de Minas)” ou ainda “Jovem do interior vai para Hollywood em busca do sucesso trabalhando em um clube noturno (O Tempo)”. Bom, poderia continuar a brincar de procurar sinopses do filme e ir descobrindo que elas vão se tornando cada vez menores, assim como a qualidade do filme.
Enfim, Burlesque é o trabalho de estréia do antes produtor e roteirista Steve Antin (O Preço da Paixão) na direção. O filme também conta com outra estreante, a cantora Christina Aguilera, co-estrelando o filme com Morticia Addams, ops!, com a cantora Cher. Bom, vamos tentar falar um pouco da história.
Ali (Aguilera), é uma jovem bonita do interior, que trabalha numa lanchonete local. Enfadada com a falta de opções, ela decide ir em busca de seu sonho de ser uma cantora indo para Los Angeles levando na bagagem “pouco dinheiro e muita coragem”. (quantas vezes já não vimos isso?). Rapidamente ela encontra o Burlesque, o místico e fantasioso cabaré (um ambiente claramente ancorado no musical Chicago) onde inicialmente ela encontra emprego como garçonete, ajudada por Jack (Cam Gigandet), com quem logo ela estabelece um romance quase platônico ao ir morar com o rapaz (óbvio que desde o início sabemos que no fim eles irão ficar juntos). Só que esse não é o objetivo da boa e inocente Ali, e sim tornar uma membro do “corpo permanente” do Burlesque, como cantora e dançarina, e faz de tudo para convencer Tess (Cher) a aceitá-la. Com o desenrolar da história, Tess, sempre ancorada por seu fiel escudeiro Sean (Stanley Tucci), descobre que, além de ser acertada a escolha de ajudar Ali, a voz da garota pode ser a solução para os problemas financeiros da casa, que no momento se encontra a beira da falência (também desde o inicio já sabemos como isso termina).
O roteiro possui um ritmo acelerado, onde tudo simplesmente acontece sem muitas dificuldades à favor da protagonista, que sempre resolve as situações com uma boa dose de coragem, bondade e superação. Sempre com uma leve dose de humor que faz com que até os ditos vilões do filme deixem de ser vilões, mas apenas pessoas que em algum momento cometeram erros e com os devidos conselhos podem se tornar melhores.
Enfim, tudo em Burlesque dá certo no fim (pelo menos na ficção), ou melhor, tem o objetivo de dar certo. De maneira geral, a história o tempo inteiro te leva a querer ouvir Christina Aguilera cantar. Afinal, após a primeira meia hora onde já temos estabelecidos os conflitos do filmes (e sabemos claramente como serão resolvidos), só nos resta querer vê-la cantando. Nada que se destaque, aliás o musical inteiro não possui um conjunto de músicas que conquiste. O único destaque é a canção You Haven’t Seen the last of me, intepretada por Cher e que rendeu no último Globo de Ouro o prêmio de melhor canção original. Além de uma menção honrosa a Aguilera que não decepciona no seu ofício original de cantora.
Em relação às atuações, não há ninguém que se destaque positivamente. Cher não apresenta o mínimo de expressão em sua atuação, não importa se nervosa, triste ou alegre é sempre o mesmo rosto sem emoção que vemos na tela (assistindo a este filme é incrível pensar que ela já ganhou um Oscar). Christina – coitadinha – ela tem muito o que aprender ainda antes de começarmos a chamá-la de atriz, há um momento interessante em que ela está chorando e para não ter que vermos a falta de atuação dela, a câmera a enquadra de lado enquanto seu cabelo encobre a metade do rosto. Stanley Tucci, que parece que incorpora bem personagens gays (como em o Diabo Veste Prada), poderia ter passado sem esse filme na carreira. E atores como Cam Gigandet, a bela Kristen Bell, Peter Gallagher não fazem muita coisa em papéis sem destaque e que pouco exigem dos atores.
Ponto alto? Bom, o figurino é impecável. As mulheres são bonitas (um motivo a mais para ver as cenas de dança). E sempre vale a pena ver a Christina Aguilera cantando e rebolando.
Burlesque é um filme de clichês, e que particularmente só apresenta a função de iniciar a ótima cantora Christina Aguilera no universo do cinema. Sendo que é uma obra que não acrescenta nada ao universo dos musicais. Bebo uma caipirinha ao filme para não ficar com sede.