A Outra Face

Putz. Até a última vez que havia assistido A Outra Face (deve ter uns cinco anos ou mais), ainda estava na minha lista de favoritos de todos os tempos. A ação desenfreada, as reviravoltas, os tiros, Nicolas Cage sendo John Travolta, John Travolta sendo Nicolas Cage, tudo era interessante. Hoje percebo que o que podia ser interessante na cabeça de um moleque de 18 anos, definitivamente não é nada legal para alguém mais velho. O interessante vira ridiculo. E então começo a criar certa antipatia daquele que era meu ator favorito durante muito tempo: será que o Nicolas Cage nunca conseguiu manter uma regularidade? O que são aquelas caras e bocas de choro durante o filme? Muito feio, cara! Muito feio mesmo!

Uma prova de que eu sempre fui meio esquisito é que aceitei o roteiro desmiolado como uma ideia bem legal e que deveria acontecer na vida real (?!). Como diabos a ideia de um agente da polícia roubar o rosto de um assassino psicótico deveria ser considerada? Só mesmo o diretor John Woo para pensar numa merda tão bitolada e reunir dois atores renomados para a produção. John Travolta dá um banho, verdade seja dita. O cara consegue ser foda até nesse tipo de filme. Agora o Nicolas Cage só consegue convencer até a metade inicial, antes de ter o rosto transportado para o mocinho. Daí em diante fica patético.

Interessante dizer que John Woo costuma marcar as cenas de tensão de seus filmes com pombas. Fez o mesmo em Missão Impossível 2 e em A Outra Face não é diferente. Na conclusão do filme, um bando de pombas loucas (será que ainda existe esse site?) fogem da igreja e desaparecem de cena. Provavelmente elas tem o dom da premonição e resolveram dar o fora antes do fim desta bomba cinematográfica. De qualquer forma, ruim ou não, A Outra Face diverte. Recomendo!

ps: quando escrevi esse texto, em novembro de 2009, não tinha a menor ideia que no começo de 2010, cientistas e médicos se uniriam para realizar a primeira cirurgia de transplante de rosto da história. Ou seja, o cinema ganhou vida na realidade.