Desde o primeiro episódio, o que mais me impressiona e assusta em Black Mirror são as possibilidades de, em um futuro próximo, vivermos na realidade retratada na série.
A terceira temporada começa enfatizando a importância que damos às “avaliações” que recebemos nas redes sociais. Lacie (Bryce Dallas Howard, de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros) leva as redes sociais muito a sério e se dedica às mesmas para conseguir avaliações altas.
O assustador disso é que se trata de um comportamento geral e quem não de adequa acaba sendo marginalizado. Como se não fosse o bastante, é possível ver, sem o uso de qualquer aparelho, a avaliação que as pessoas têm. Quando acreditamos que é um absurdo seguirmos tão cegamente os impulsos para recebermos aprovação geral, eis que questões práticas, como desconto no valor do aluguel, são determinadas de acordo com a popularidade das pessoas. Há uma discriminação explícita e a pontuação das pessoas é o que determina quem é e quem não é legal, quem você pode receber em sua casa e quem pode ser seu amigo.
Não vejo como uma produção poderia ser mais atual. Com a direção de Joe Wright (Desejo e Reparação), o episódio traça de maneira eficiente o perfil de quem precisa da aprovação de todos à sua volta através da exposição de detalhes de sua vida nas redes sociais. A preocupação em agradar leva a jovem Lacie à situações deprimentes e inimagináveis para ela. Ainda mostrando o quão superficiais são as relações atuais, fica claro que o interesse ao se mostrar educado ou calmo é apenas manter a pontuação elevada.
A falsidade com que as pessoas tratam umas às outras hoje fica em evidência e assusta, pois fica ainda mais difícil saber quem é prestativo por gostar de alguém ou por interesse social. A jovem Laci entende isso tudo da maneira mais difícil possível. Apesar de ser simpática, bonita e agradável, ela exala pura falsidade durante boa parte do dia. A ânsia pela exposição diária a levou as consequências de não ter curtidas.
Sendo assim, a série continua levando muito à sério a maneira com que consumimos tudo: comida, tecnologia, TV… Talvez seja uma maneira de nos fazer perceber o quão fúteis e superficiais já somos.