“Quando me apaixono”, filme de estréia de Helen Hunt na direção, faz engasgar várias vezes em 90 minutos. Maternidade, gratidão, rancor, fracasso, perdão: assuntos difíceis e universais que o filme trata sem concessões.
Helen Hunt interpreta uma professora de meia-idade que vê o caos se instalar em sua vida: ao mesmo tempo em que se separa do marido e perde sua mãe adotiva, é encontrada pela mãe biológica. Neste momento, inclusive, imaginei que entraria em cena uma senhora discreta, reservada, tomada de culpa por ter dado a filha para adoção. Qual não foi minha surpresa quando Bette Midler se apresenta com uma naturalidade desconcertante, no melhor estilo “Quero saber quem você é, quero ser sua amiga”.
As interpretações impressionam pela naturalidade: do angustiado Frank de Colin Firth à inconveniente Bernice de Bette Midler, passando pela humanidade tocante da April de Hunt, o elenco é impecável.Os diálogos são ágeis e viscerais, mas de maneira peculiar. Não são ríspidos como em “Amores brutos”, são desabafos de personagens machucados pela vida e emocionalmente cansados: não há tempo a perder com evasivas ou hesitações, há muito a ser resolvido e é preciso tentar colocar a vida no lugar.
O filme trata muito honestamente das relações entre pais e filhos. Em alguns momentos beira o politicamente incorreto, inclusive, pois não se limita às dificuldades comumente abordadas, revelando o fardo que a criação dos filhos muitas vezes acaba por representar para os pais.
Singelo e sensível é o mínimo que se pode dizer de “Quando me apaixono”. Tomara que Helen Hunt tome gosto pela direção.
* O título em português é ridículo e desvirtua a idéia do original, claro, mas ninguém mais espera o contrário das distribuidoras.
PS: Tendo em vista que este é meu primeiro post e que eu pretendia causar boa impressão, fiz o para-casa e arrumei até foto da Helen Hunt atrás da câmera. : ) Mas o blogger não tá sendo exatamente cordial e não tô conseguindo publicar nada além da primeira imagem. Vou deixar assim pra evitar o desastre.