O saldo dessa metade inicial da segunda temporada de Fear the Walking Dead é 100% positivo. Com mais acertos do que erros, os produtores conseguiram dar vida para uma trama promissora que precisava se desvencilhar da sombra de ser uma série “quebra-galho” durante as férias de The Walking Dead.
Em “Shiva”, sétimo episódio, nós acompanhamos a conclusão de um arco de histórias muito semelhante ao que aconteceu no segundo ano de The Walking Dead: os protagonistas chegaram numa fazenda imensa e acharam que teriam segurança, até descobrirem que não é bem assim…
Ao contrário do que os fãs mais esperançosos imaginavam, “Shiva” não apresentou nenhuma relação com a tigresa de Ezequiel, personagem que será introduzido a partir de outubro na sétima temporada de The Walking Dead. Os produtores apenas provocaram e deixaram de realizar o desejo dos telespectadores em verem um possível crossover entre as duas séries.
Daniel começou a ter fortes alucinações nos últimos três episódios e agora temos as verdadeiras consequências do seu descontrole emocional. No entanto, assim como acontece em TWD, os produtores preferem deixar cliffhangers previsíveis que se tornaram um vício na série: ao não deixar claro se o personagem morreu, cria-se o mistério para o prosseguimento da temporada. Desnecessário, confesso. Faltou um pouco mais de fibra George Martin nesses roteiros…
Travis se perdeu nessa primeira metade da temporada. O personagem ficou chato. O seu relacionamento em frangalhos com Madison teve raros lampejos de criatividade e poucas discussões que envolvessem o telespectador. Espero que isso mude agora que ele percebeu que o filho PRECISA dele presente. Ou o moleque vai virar um verdadeiro psicopata – Chris continua o meu favorito nessa temporada, mas as suas atitudes são condenáveis o suficiente para que ele mereça uma morte trágica. Nada me faz esquecer do moralismo da televisão norte-americana e certas coisas são imperdoáveis…
Nick reforça as teorias que andamos levantando no Walking Cast: ele realmente trocou um vício pelo outro. Ao caminhar entre os infectados, ele se torna invisível e útil para o grupo, como ao resgatar o corpo transformado de Luis para entregar para Célia, que por sua vez se tornou a coadjuvante mais interessante na série até hoje. Como se trata de um dos personagens mais sensíveis da série, Nick andou questionando tudo que acontece ao seu redor e teve que encarar a verdade: a sua família não é feita de pessoas de bem, mas de quem está disposto a tudo para sobreviver.
Quando falo nessa questão da sobrevivência é diretamente sobre a personagem de Madison, que mostrou ser dissimulada e fria depois de “ganhar” momentaneamente a confiança de Célia. Nunca tive problemas com a personagem, mas a sua falta de caráter é extremamente desconfortável e incômoda. Me pergunto até que ponto os produtores de Fear the Walking Dead estão dispostos a ir ao escancarar a podridão desses protagonistas. Madison tentou matar uma pessoa que não representava uma ameaça real. O crime de Célia era a sua fé? Muito estranho assistir a essas coisas.
O que nós podemos perceber é que os protagonistas de Fear provavelmente não seriam aceitos por Rick e cia em Alexandria. Mesmo sem terem experiência em combate, como é o caso de boa parte dos membros do grupo de Rick, a família de Madison e Travis se revela perigosa. São humanos desesperados e dispostos a tudo para garantirem a própria segurança, além do risco de terem colapsos nervosos. Esse perfil veio se desenhando ao longo de todos os seis capítulos anteriores, mas ficou explícito nesse encerramento da metade da temporada. E isso é algo extremamente atrativo para o futuro…
Fear the Walking Dead retorna em 21 de agosto.