American Crime Story retorna na sua terceira semana para mais um episódio de muita qualidade. Depois da estreia, em que tanto John Travolta quanto Cuba Gooding Jr. mostraram que ainda sabem atuar, o roteiro segue se destacando e levando o telespectador para o meio dessa complicada abordada na série.
É importante ver um programa desse tamanho trabalhar o racismo através de uma história real. É chocante a cena em que O.J. briga com seus advogados quando descobre que eles pretendem transformar o caso em um problema racial. “Mas eu não sou negro! Eu sou O.J.!”, é o que ele grita desesperado, como se a ascensão econômica tivesse feito uma lavagem cerebral em sua mente.
Diversos artigos na internet falam sobre negros que crescem pobres e fingem que o seu passado não existiu depois que ficam ricos. Mais comum ainda é a preferência por relacionamentos com mulheres loiras do que as morenas. Segundo esse material, e isso é apresentado na série, é como se conquistar uma loira fosse um troféu. Ter um carrão zero é outro troféu. Uma mansão enorme? Claro que é mais um troféu. São sintomas que poderiam ser compreensíveis, mas em algumas situações são fugas da realidade. Uma tentativa de esquecer o passado.
Agora entender os motivos reais que mexem com a cabeça do cara para ele agir assim é outra história que certamente não teremos em American Crime Story. Voltando ao racismo, o episódio 3 colocou em cena a inacreditável capa racista da revista Time. O.J. aparece numa foto mais escura, com a intenção de mostrar que ele é perigoso. Isso deixou o público zangado. “Quanto mais negro, mais perigoso?”, é o que ouvimos em cena.
O grande momento de “The Dream Team” ficou para o final, quando Marcia (Sarah Paulson, cada vez melhor) descobre que O.J. contratou o lendário Johnnie Cochran e solta uma bela exclamação.
Ryan Murphy está trabalhando os seus personagens com a mesma profundidade que coloca em cena os conflitos que interessam mais nessa história. E está acertando em cheio.