Em mais uma parte da nossa retrospectiva 2015, agora relembramos os principais longas com zumbis no ano:
2015 FOI UM ANO EXCELENTE PARA OS CINÉFILOS APAIXONADOS PELOS MORTOS-VIVOS. Aliás, desconfie de qualquer pessoa que diga não gostar de filmes de zumbis. É como se a pessoa falasse que não gosta de pizza ou Harry Potter ou Led Zeppelin ou Senhor dos Anéis ou O Poderoso Chefão: é um possível sinal de desvio de caráter. Espero que não seja o seu caso, mas caso seja, o Cinema de Buteco te estende a mão e oferece a chance de vir para o lado bom da vida com outras pessoas que compartilham desse amor por mortos-vivos e tudo que o cinema e a televisão produzem sobre o tema.
Abaixo selecionamos alguns destaques, sem ordem de preferência, diga-se de passagem. Apreciem sem moderação!
Fear the Walking Dead
Semanas antes do lançamento da sexta temporada de The Walking Dead, o canal AMC iniciou a transmissão de um spin-off que se passa no momento em que o apocalipse zumbi consumiu o mundo. Com personagens completamente inéditos, Fear the Walking Dead é um produto original que apresenta uma família tentando entender o que está acontecendo. O show aborda muito as questões éticas sobre tirar ou não a vida de outra pessoa, o que gera conflitos interessantes para aprofundarmos mais nesses novos personagens. Outro detalhe legal é que os telespectadores possuem a vantagem de já saberem como é que as coisas funcionam, enquanto tudo é novidade para esses personagens. A promessa era de uma série que trabalhasse mais com o terror e o gore do que The Walking Dead, já a realidade é de um novo drama de sobrevivência… Não tenho nada a reclamar.
Maggie: A Transformação
Nunca imaginei que Arnold Schwarzenegger algum dia estrelaria um drama zumbi. Quando Maggie: A Transformação foi anunciado há alguns anos, fiquei com uma curiosidade enorme para saber como seria abordar uma história de zumbi sob a perspectiva dramática, sem todo o caos de gente correndo com as tripas ficando pelo chão e cérebros sendo devorados. Minhas expectativas foram preenchidas e considero o filme um dos melhores dramas do ano, mas ele desagradou muitos que esperavam justamente por algo que já é tão debatido e trabalhado em milhares de outras produções. Maggie não é um filme de zumbi convencional e isso não funciona para quem simplesmente gosta desse tipo de história, já que existe uma necessidade extrema de ver zumbis correndo atrás de pessoas normais. É como um longa-metragem da Marvel que não inclua uma luta entre o herói e o vilão. Quem tem maturidade para superar isso, aceita Maggie pelas suas dolorosas qualidades.
Burying the Ex
Atração do Festival do Rio 2014 (quem perdeu ainda lamenta muito), a comédia romântica dirigida por Joe Dante faz uma brincadeira com relacionamentos abusivos usando os zumbis como metáfora. Em Burying the Ex, Anton Yelchin interpreta um cara muito gente boa que está envolvido com uma garota extremamente controladora e que tenta dominar toda a sua vida. As coisas mudam de figura depois que ela morre, e ele conhece a sua alma-gêmea encarnada no corpo de Alexandra Daddario. Parecia que sua vida finalmente seria boa, mas a ex-namorada morta ressurge em sua vida e cria um verdadeiro caos nas relações do rapaz. Aqui, “ex boa é ex morta” é levado ao pé da letra e quem inventou isso certamente irá se arrepender.
REC 4 – Apocalypse
Já vi história de zumbi de vários jeitos. Avião, casamento, recreio de escola, com padre lutador de Kung Fu, mas nunca algo como o último filme da franquia REC apresenta. Em [REC]4 – Apocalypse, nós temos um reencontro com a jornalista da primeira parte e com sobreviventes dos outros dois filmes. Todo mundo estava esperando algo dar errado e portanto, decidiram que a ameaça deveria ser levada para um local seguro: um navio imenso no meio do oceano. Pois é, cara. REC 4 é sobre zumbis num navio. Sei que muitos fãs ficaram chocados com terceiro filme (cadê o senso de humor, gente?), mas esqueça toda aquela pegada trash e mergulhe no exemplar mais tenso, sufocante e gore de toda a franquia. Filmaço.
Cooties
Pode parecer esquisito que muitas recomendações aqui sejam de comédias de humor negro, mas é o que 2015 nos ofereceu. A culpa não é minha. Não é todo ano que podemos selecionar 10 filmes que realmente merecem a recomendação, ainda mais quando falamos de um sub-gênero tão específico, como os zumbis. Se Maggie acerta por seu tom realístico de tratar os mortos vivos como uma doença que acaba com as pessoas e devasta os pais, em Burying the Ex, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi e esse Cooties temos a mistura hilária (e deliciosa) de mortos vivos em situações cotidianas. Imagine só como seria se um dia, seu filho devorasse um nugget contaminado com substâncias químicas que o transformasse num alucinado perebento a fim de comer todos os humanos ao seu redor? Com as coisas que se colocam nos produtos de hoje em dia, nunca se sabe. Cooties tem uma ideia muito mais interessante do que a sua execução. A diversão é garantida enquanto os professores estão dentro da escola, mas basta a ação acontecer em outro espaço que tudo perde a graça. Uma pena. E para quem não tem ideia do que trata Cooties: um bando de crianças se transforma em zumbi na hora do recreio e começam a caçar todos os humanos próximos.
Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
Os sucessos de Zumbilândia e Todo Mundo Quase Morto influenciaram muito o conceito de Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, que de longe, é uma das comédias mais divertidas (e bobas) da temporada. Superbad: É Hoje é outro filme que serviu de base para uma história bizarra sobre três amigos escoteiros que tentam resgatar um grupo de adolescentes numa festa durante um apocalipse zumbi que deixou a cidade quase que totalmente deserta. Exceto pelos mortos-vivos, claro. Para quem gosta de coisas idiotas (com direito a piadas de peido e o primeiro assédio sexual a um zumbi na história do cinema), essa é uma boa pedida.
Life After Beth
A temática lembra um pouco Burying the Ex, já que também envolve uma ex-namorada que volta a viver. A grande diferença é que Ashley Greene e Alexandra Daddario são mais interessantes do que Audrey Plaza, que por sua vez não é uma namorada controladora possuída pelo capeta. Ela apenas é uma guria morta que retorna e precisa saciar sua fome de algum jeito. Pobre coitado do Dane DeHaan, que interpreta o protagonista apaixonado por uma zumbi. Em comum, Burying the Ex e Life After Beth têm em comum a questão da metáfora para relacionamentos e como nós amadurecemos a partir de determinadas experiências. Aqui aprendemos que às vezes as pessoas seguem caminhos diferentes demais daqueles que estamos aptos a acompanhar.
Apocalipse
Imagine uma mistura entre Eu Sou a Lenda, A Estrada e 30 Dias de Noite. A partir daí, e com uma breve lembrança do sensacional game The Last of Us, podemos ter uma ideia do que esperar de Apocalipse. O sci-fi de terror é lento. Não tem a menor pressa de mostrar ação ou cenas agressivas. Ao preferir trabalhar melhor com o conflito psicológico de seus três protagonistas, a produção acerta a mão e oferece um prato cheio para quem busca mais que apenas sangue e vísceras. Se não for o seu caso, fuja.
O título original é Extinction.
Contracted: Phase II
Continuação de um dos destaques de terror de 2013, Contracted: Phase II é um daqueles longas em que o conceito zumbi é apresentado de uma maneira pouco convencional (e que os puristas torcem o nariz). Não existem muitas cenas com malucos mortos correndo atrás de pessoas inocentes, mas o fato é que estamos acompanhando o que acontece antes disso. O contágio é através de relações sexuais, o que torna Contracted realmente assustador em tempos de relacionamentos casuais loucos e constantes. Talvez ele apareça na nossa listinha com os melhores filmes de terror de 2015…
Dead Rising: Watchtower
Dizem que é complicado adaptar games com qualidade para o cinema. Dead Rising: Watchtower é recheado de defeitos (como a tendência de usar a câmera em primeira pessoa para imitar a sensação do jogo nos minutos iniciais do longa-metragem e depois nunca mais, por exemplo), mas para quem desconhece o universo que originou a produção e é apaixonado por zumbis funciona. Quer dizer, se o seu nível de exigência for baixo focando apenas no quesito diversão, claro. O problema com o subgênero zumbis é que mesmo existindo anualmente existem milhares de títulos, poucos são os que realmente valem a pena. Posso dizer por mim que Dead Rising não é uma obra de arte inquestionável e nem uma bomba mequetrefe que te faz vomitar. Ou não estaria aqui sendo recomendado…
Wyrmwood – Road of the Dead
Um dos meus favoritos da lista, Wyrmwood é uma produção australiana muito tosca e cheia de momentos sem noção que arrancam boas gargalhadas. Apesar de tudo, a obra é muito sangrenta e provavelmente é um dos únicos títulos aqui mencionados que mais pode funcionar com a premissa básica de filmes de zumbis. Há inovações, como uma alternativa para o fim do petróleo, por exemplo, ou uma pessoa capaz de controlar a mente dos mortos-vivos, mas no fundo é apenas mais uma trama divertida, tosca e boa para assistir com grupos de amigos bêbados. (Por algum motivo oculto, alguém descreveu Wyrmwood como o encontro de Mad Max com zumbis. Não tem nada a ver, ok?)
The Walking Dead
O sexto ano de The Walking Dead começou alucinante e nos convencendo a cada episódio que essa (definitivamente) é a melhor temporada de todos os tempos. Mesmo com a tradicional irregularidade em alguns episódios, o desenvolvimento da temporada nos fazia gostar mais dos capítulos menores e perceber coisas que os tornavam mais atraentes. A liderança de Rick e o plano de afastar os walkers funcionou para nos deixar apaixonados, assim como a suposta morte de Glenn emocionou os fãs por metade dessa primeira parte da sexta-temporada. No entanto, o que nós queremos ver mesmo são os zumbis gosmentos e podrões comendo e matando pessoas chatas e que só reclamam. The Walking Dead não é bem esse tipo de entretenimento, fica claro a cada ano, porém quando os walkers atacam é para deixar todo mundo empolgado e com a certeza de que não existe programa melhor na televisão para os fãs de zumbis.