Continuação de Ted não garante tantas gargalhadas, mas ainda assim é uma boa diversão para os fãs do politicamente incorreto.
TED FOI LANÇADO EM MEADOS DE 2012 E SE TORNOU UMA DAS MELHORES COMÉDIAS DO ANO. Um típico exemplo de produção escrachada e politicamente incorreta que arranca gargalhadas dos jovens nerds do sexo masculino. As garotas não se entusiasmaram tanto assim com a ideia de acompanharem tão de perto a realidade das amizades masculinas. Três anos depois do lançamento de Ted, a continuação chega aos cinemas sem conseguir repetir a dose. As piadas são boas o suficiente para nos fazer rir, mas não supera o original.
Desta vez, a dupla John Bennett (Mark Wahlberg) e Ted (Seth MacFarlane) precisa contratar os serviços da jovem advogada Samantha (Amanda Seyfried) para provar que o ursinho de pelúcia mais desbocado do mundo tem direitos de se casar e construir a sua família. A trama fala de um tema bem atual, ainda que de maneira debochada. Ao questionar os direitos de Ted se casar e ser visto como uma pessoa, o roteiro faz uma alusão com o casamento gay e a luta pela igualdade na sociedade.
Sem Mila Kunis na continuação, o longa-metragem investe em Seyfried para assumir o papel feminino principal. A sua personagem é uma cópia quase perfeita de John, exceto pela completa ignorância em cultura pop. Samantha é uma advogada maconheira inexperiente que entra na história para tentar ajudar a provar que Ted merece o direito de ser considerado como uma pessoa. Seyfried consegue combinar bons momentos de humor com uma sutil sensualidade, presente apenas para garantir que sua personagem conquiste o coração de John.
No entanto, uma coisa séria a ser observada é que o roteiro de Ted 2 joga pela janela toda a evolução de John ao longo do filme original. Detalhes sutis como a mudança do toque do celular mostrados no longa anterior são ignorados e John está de volta ao ponto em que o conhecemos. Até existe uma tentativa de dizer que a sua ex-namorada não o aceitava de verdade e que as pessoas não mudam, mas é uma tremenda furada. É como se amadurecimento não fosse algo positivo nas mudanças de comportamento. Confesso que esse “deslize” me incomodou e diminuiu o meu tesão com a obra.
É recomendado ter o filme original bem fresco na memória para entender algumas das várias referências, além do retorno de personagens importantes. Por exemplo: durante a conclusão, quem não tiver assistido ao longa de 2012 irá rir apenas pelo ridículo da situação. Já os espectadores que estão familiarizados com os personagens terão a lembrança como gatilho para rir ainda mais de uma determinada cena com dança. Aliás, não sei você, mas cenas de danças costumam me fazer cair da cadeira. Infelizmente, Ted 2 não possui nenhum momento inspirado como a referência a Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu presente no original.
Quem gosta de produções engraçadas e com cenas de humor físico certamente se deliciará com Ted 2. Os personagens são carismáticos e sentimos a maior vontade do mundo de sair para tomar uma boa caipirinha com cada um deles. Mas ao contrário do original, em que as risadas vinham naturalmente, a continuação parece focar mais nas tentativas de Ted se provar uma pessoa de verdade. O curioso é que ainda que tenha uma proposta nobre e que poderia adicionar valor para o espectador, não nos sentimos estimulados a comprar a ideia. Torcemos pelo bem do ursinho, mas não passa disso. O que nós queremos mesmo de MacFarlane são as piadas grosseiras, o humor idiota irresistível e uma metralhadora de palavrões. E nada mais.