Para a estreia da refilmagem de Poltergeist nos cinemas, o Cinema de Buteco reuniu 10 filmes de terror que merecem remake. Qual é o seu favorito?
Casa das Almas Perdidas
O Cinema de Buteco produziu uma lista com recomendações de filmes para serem assistidos numa sexta-feira 13 e A Casa das Almas Perdidas(The Haunted, 1991) foi citado. O que faz ele merecer um remake então? A verdade é que se trata de uma história arrepiante com uma péssima execução, os efeitos especiais são risíveis, atuações medíocres e extremamente datado. Outro motivo interessante é que poucos assistiram, mas isso acaba indo contra a essência de refilmar: precisa ser um filme relativamente conhecido para garantir uma pré-audiência. Em Invocação do Mal existe um clima semelhante que poderia abrir caminho para o interesse dos executivos em iniciar um processo de pré-produção para um filme realmente assustador nos moldes de Atividade Paranormal e tantas outras obras que brincam com espíritos perturbando a paz de uma família azarada.
Hellraiser
Pinhead pode ser considerado como o monstro mais alternativo do cinema de horror. Jason e Freddy ganham a atenção geral de todos, enquanto Pinhead costuma ser esquecido na maioria das vezes. A entidade sobrenatural da franquia Hellraiser assusta muito pela sua presença. O filme original até funciona. Os efeitos visuais em stopmotion são interessantes e a premissa muito eficiente, mas ainda assim há um clima tosco no ar e aquele aroma de “produção b dos anos 80”. Então, para apresentar Pinhead para toda uma geração, que venha logo um remake!
Mentira: o principal motivo que faz Hellraiser merecer um remake é para apagar de nossas memórias a camisa horrível que o namoradinho da filha do protagonista usa na cena final. Medo da moda dos anos 1980!
Grito de Horror
Joe Dante criou Os Gremlins, que até poderiam entrar aqui na nossa lista se já não fosse um bom filme. Os efeitos visuais da época não comprometem o resultado final e a obra até hoje diverte, especialmente pela trilha sonora genial de Jerry Goldsmith. Mas em 1981, mesmo ano em que John Landis dirigiu Um Lobisomem Americano em Londres, Dante lançou Grito de Horror e infelizmente não ficou a altura do seu potencial. Imagine: uma repórter de TV é usada como isca para capturar um assassino e quase morre durante a ação da polícia. Para se recuperar do trauma, ela é aconselhada a descansar numa colônia no interior da Califórnia. O que ela não tem ideia é que foi parar no meio de uma tribo de lobisomens. Grito de Horror está bem longe de ser ruim (assim como boa parte dos outros nove filmes aqui citados), mas em prol da tecnologia e da evolução do cinema uma refilmagem poderia funcionar muito bem nos dias de hoje. Estamos cansados de vampiros, poxa!
O Duende
A sinopse de O Duende é assim: Um sujeito consegue enganar um duende feioso e rouba o seu ouro. Mas acontece que o tal duende é muito arisco e vingativo e logo usa a magia para encontrar o ladrão e recuperar seu precioso tesouro. Acontece que ele se dá mal e fica aprisionado por 10 anos, até que é acidentalmente libertado por um gordinho desastrado. O duende puto da vida e faminto por conta do jejum que passou na última década, passa a procurar o ouro e aterrorizar a vida das personagens principais. O resultado produzido em 1993 é divertido e ainda revelou Jennifer Aniston, mas os efeitos especiais são péssimos e a ideia de ver um personagem tão cruel de volta é tentadora.
Pague Para Entrar, Reze Para Sair
Tobe Hooper fez o seu nome na indústria com o incrível O Massacre da Serra Elétrica, em 1974. Em 1982 dirigiu Poltergeist, que possivelmente estaria na nossa lista se não fosse pelo lançamento do seu remake, mas um ano antes entregou para os cinéfilos o cult Pague Para Entrar, Reze Para Sair. Uma nova versão vem se desenrolando nos corredores de Hollywood há muitos anos e não deve demorar muito para receber sinal verde. O original é datado, com um retrato típico dos anos 1980, e isso não é uma coisa a ser elogiada ou digna de causar medo nos jovens de hoje. Pelo menos, a premissa é bem curiosa: Dois casais de amigos decidem se esconder dentro de um parque de diversões e virar a noite brincando de montanha russa em cima do outro. A aventura sexual inconsequente dos jovens vira um pesadelo depois deles presenciarem um assassinato e serem perseguidos por uma família de malucos digna dos Hewitt, aqueles de O Massacre da Serra Elétrica.
Alligator
Lendas urbanas sempre conseguirão penetrar o imaginário do público. Em Alligator, lançado em 1980, temos aquele velho papo de que existem jacarés, crocodilos e todo tipo de réptil nos esgotos. Bem, se fosse verdade, existiriam menos pessoas morando nas verdadeiras cidades subterrâneas que existem nas grandes metrópoles. Mas estamos falando de ficção, e nesse caso, uma refilmagem com mais recursos seria extremamente bem vinda. Quem não ama filmes de crocodilo, afinal? Aliás, essa lenda de jacarés no esgoto inspirou o escritor Santiago Nazarian a escrever o interessante Mastigando Humanos, que apresenta nada menos que as reflexões e frustrações de um velho jacaré e sua vida nos esgotos.
Cujo
O problema com Cujo é que o filme de Lewis Teague é ruim pra caralho. A ideia de transformar o pobre coitado do Beethoven num assassino babão com raiva pode ser considerada curiosa, mas com uma execução preguiçosa (da trilha sonora horrorosa até as atuações) o desastre é garantido. O cinema está recheado de obras de Stephen King e do mesmo jeito que dizem que coração de mãe é grande, há espaço de sobra para que esse cachorro pulguento receba um tratamento decente no futuro.
Cemitério Maldito
O principal problema com Cemitério Maldito são seus atores. O protagonista, Dale Midkiff, é um tremendo canastrão que nos faz rir involuntariamente a cada tentativa de parecer um ator de verdade. Denise Crosby (que recentemente atuou em Walking Dead) até tenta, mas também é um desastre. O moleque que interpreta o protagonista é a única coisa boa no elenco e assusta. Mesmo que seja inevitável se lembrar do Chucky em algumas das cenas mais memoráveis. A narrativa nos faz ter raiva da distração dos pais, já que o acidente que desencadeia toda a trama é forçado. Um remake poderia corrigir esses defeitos, tornar o roteiro mais inteligente com personagens menos idiotas, e Stephen King ficaria feliz.
ps: só não precisam chamar uma banda para regravar “Pet Sematary”. Ramones é coisa séria!
O Brinquedo Assassino
Difícil imaginar como um filme sobre um brinquedo ruivo possa assustar alguém nos dias de hoje, mas o fato é que Chucky, O Brinquedo Assassino se transformou em motivo de piadas e comédias de humor negro. A Maldição de Chucky até tenta recuperar um pouco do clima do original, mas o estrago já está feito. Caso algum cineasta tenha coragem de trabalhar com o personagem num eventual remake, seria bem interessante explorar Chucky em sua forma humana. Convenhamos: o boneco pode não dar muito medo, mas aquela sequência de voodoo dentro da loja de brinquedos é de travar o traseiro de qualquer um com um mínimo de coragem. E além de tudo, os efeitos visuais que davam vida para Chucky estão muito ultrapassados para serem levados a sério.
Príncipe das Sombras
Os cinéfilos mais xiitas podem considerar um verdadeiro sacrilégio a presença de uma obra de John Carpenter (Halloween) na nossa lista. Não me leve a mal: Príncipe das Sombras (Prince of Darkness, 1987) está entre meus cinco filmes prediletos do diretor, mas ainda assim acredito que a falta de recursos transformou uma premissa assustadora numa produção que poucos assistiram. O roteiro mistura ocultismo com (uma espécie de zumbi) e evoca Assalto à 13º DP, um dos clássicos de Carpenter. Um bando de cientistas ficam presos dentro de uma casa abandonada enquanto uma orda de sujeitos estranhos aguarda do lado de fora pacientemente: pois o verdadeiro mal está lá dentro na companhia dos nossos heróis.
A Bruma Assassina, de 1980, seria uma outra sugestão que poderia receber um tratamento diferenciado por algum estúdio corajoso de Hollywood. No entanto, um remake bem porco foi produzido e lançado nos anos 2000. Nesse caso, não tenha a menor dúvida: fique com o original.
Outros clássicos do horror que já tiveram seus remakes produzidos:
Sexta-feira 13 foi lançado originalmente na década de 80 e foi uma franquia muito explorada pelos estúdios até que o público perdeu o interesse. Em 2009 foi lançado um remake de gosto bem duvidoso que não fez sucesso; A Hora do Pesadelo, de Wes Craven, lidou muito bem com a falta de recursos e não foi por acaso que se tornou uma das principais obras do gênero. Craven soube esperar o momento certo para apresentar Freddy Krueger. No entanto, mesmo assim, o original é tosco e as plateias cínicas de hoje em dia o rejeitariam por puro preconceito (“ah, é filme velho da época da minha avó!”). Um remake foi encomendado e conseguiram arruinar tudo. Tudo que tornava Freddy interessante foi destruído e não há o menor resquício daquele personagem assustador que aparecia de relance e deixava os espectadores mais aflitos que os personagens do filme; Halloween, de John Carpenter, foi o responsável por começar a febre de filmes slashers. Michael Meyers foi o serial killer sobrenatural pioneiro. Ao contrário dos filmes de Jason e Freddy, Halloween contou com um cineasta talentoso e competente atrás das câmeras. Isso tornaria desnecessário um remake, pois o original sempre funcionará muito bem, mas em 2007, Rob Zombie achou por bem recriar o universo de Carpenter. De maneira surpreendente e mergulhando mais em detalhes sobre a infância do assassino, o resultado é até positivo; Dia dos Namorados Macabros é um daqueles casos em que o filme PRECISA se refeito porque é simplesmente ruim, mas o remake conseguiu a proeza de ser ainda pior e foi lançado numa época em que o 3D começava a invadir os cinemas; Quadrilha dos Sádicos foi o terceiro longa-metragem de Wes Craven, que cedeu o bastão para o inventivo Alexandre Aja no remake (que recebeu o título de Viagem Maldita) e ambos os filmes são muito bons e com alto teor de violência; A Vingança de Jennifer deu origem ao igualmente chocante Doce Vingança. Tanto o original quanto o remake possuem cenas de violência gráfica e estupro explícito que faz com que o espectador sinta vontade de fechar os olhos ou adiantar essa parte; O Massacre da Serra Elétrica conquistou público e crítica no fim da década de 1970, e sua refilmagem acertou em cheio em todos os aspectos, inclusive por colocar Jessica Biel no elenco; A Profecia teve seu lançamento em 1976 e recebeu três continuações – nem precisamos dizer que são inferiores, mas ainda assim fazem parte de uma saga. No dia 6 de junho de 2006, propositalmente claro, um remake foi lançado nos cinemas; Brian De Palma é um diretor genial e que trabalhou com extrema dedicação para tornar Carrie, a Estranha como uma das melhores e mais elogiadas adaptações para o cinema das obras de Stephen King. O filme é cheio de detalhes sutis, ao contrário da péssima refilmagem lançada em 2013. Vergonha define; e por último, se você é daqueles que acredita que nenhum executivo maluco teria a falta de noção de mexer no trabalho de um gênio como Stanley Kubrick, saiba que O Iluminado recebeu uma nova adaptação em 1997. Pode ter agradado mais ao autor Stephen King (que sempre diz o quanto detestou a versão de Kubrick), mas é uma porcaria cinematográfica.
ps: Agradecemos aos leitores Mateus Barbosa e Fernanda Fernandes pelas sugestões