AS CRÍTICAS NÃO FORAM NADA GENTIS COM O REBOOT CINEMATOGRÁFICO DO DETETIVE ALEX CROSS. Outrora interpretado por Morgan Freeman em dois excelentes thrillers (Na Teia da Aranha e Beijos Que Matam), em A Sombra do Inimigo conhecemos como foi que a carreira de Cross começou. E para isso, o ator Tyler Perry recebeu a missão de convencer. Infelizmente, o filme acaba derrapando feio e desaponta o público.
A trama gira em torno desse “assassino cereal” chamado Tony. Opa, desculpe. Cereal errado. Um assassino serial interpretado por Matthew Fox (da série Lost) começa a apagar algumas pessoas e entra em rota de colisão com a equipe do detetive Alex Cross. Paralelamente o detetive tem que lidar com o relacionamento de dois subordinados e a gravidez da esposa, além de um convite para trabalhar em outra cidade.
O vilão é um problema sério. Logo na primeira cena ele aparece elegante com o seu terno e entra dentro de um ginásio de MMA (ou algo do tipo). Até aí tudo bem. Eu mesmo já fui de terno conferir um evento desses, só que o sujeito resolve entrar no ringue para desafiar o principal lutador do lugar. Momentos depois o vilão está na cama com uma mulher de outro planeta (sério, cadê meu fôlego?) e resolve matar a menina depois de dar a entender que colocaria em prática os ensinamentos do livro 50 Tons de Cinza.
Sinceramente? Esse serial killer têm muitos problemas na cabeça mesmo. O que aconteceu com o “diversão primeiro, trabalho depois”? Ele podia muito bem ter dado um último momento de prazer para a sua vítima, mas não. O lance dele aparentemente é outro: o tesão está em torturar e causar o máximo de dor possível nos pobres coitados que estão na sua lista. Sexo não tem graça para ele. E talvez seja por isso que até o médico chato de Lost seja uma lembrança melhor do que Matthew Fox sabe fazer na frente das câmeras: a gente pelo menos conseguia querer saber mais sobre ele. O vilão do filme é afetado demais e ainda tem um destaque muito grande.
Do outro lado da moeda temos uma versão com distintivo do médico House. Sério. Só assim para conseguir aceitar/entender como é que o detetive tem uma percepção tão elevada das coisas/pessoas ao seu redor. Isso tira muito da graça do filme, afinal de contas é complicado aceitar que exista uma pessoa como ele no mundo. E antes que algum leitor engraçadinho venha jogar na minha cara que eu sou fã do Batman e acredito piamente em sua existência, eu digo: mas ele é O Batman, oras. Ele pode aparecer exatamente nos momentos em que a Mulher-Gato está levando a pior ou quando o detetive Joseph Gordon-Levitt está prestes a saber como uma peneira se sente.
O roteiro tenta dar uma guinada ao mostrar que mesmo Cross pode estar errado, o que acaba girando uma reviravolta na história e no próprio personagem. Infelizmente, A Sombra do Inimigo (que provavelmente ganhou esse título apenas por ter um nome mais conhecido interpretando o vilão) não convence em momento algum para o público querer dividir a dor do personagem e torcer por sua vingança redentora. Tudo soa forçado e caricatural demais. E é uma pena, pois se trata de um personagem interessante e que ainda poderia gerar belos filmes.
A Sombra do Inimigo não é uma bomba, vamos ser sinceros. Você consegue assistir ao filme com o mesmo prazer de tomar uma cerveja quente. Ou seja: você tem que ser desprovido de paladar e ter tendências masoquistas elevadas. Em determinado momento até pode parecer possível encarar aquele copo facilmente, mas você sabe que não é bem assim. Mas possivelmente teremos várias pessoas animadas com o gênero policial e o retorno de Alex Cross. O problema é que Morgan Freeman não deverá voltar para o papel e aguentar o Tyler Perry é f$3#!
Nota:[duas]