ASSASSINOS É UM THRILLER DE AÇÃO ELETRIZANTE e surpreende positivamente mesmo sendo mais uma daquelas produções recheadas de memórias afetivas. Já ficou provado que falar de filmes fortes por conta da infância nunca dá em boa coisa e acabamos nos sentindo verdadeiros bobões por elogiar uma ou outra produção, mas pelo visto, Sylvester Stallone entendia o que funcionava e demorou muito para afundar o pé na jaca. Curiosamente, no mesmo ano também chegou aos cinemas a adaptação de O Juiz, que diferentemente de Assassinos, deixou muito a desejar. Parte do sucesso do filme está na mão competente do cineasta Richard Donner.
Com experiência de sobra no gênero ação, já que dirigiu os quatro filmes da franquia Máquina Mortífera e os dois primeiros filmes do Superman, Donner sabe como conduzir a trama e apresentar seus personagens sem muitas firulas. Claro que Assassinos peca por se explicar em vários momentos, o que pode não incomodar boa parte do espectador, especialmente aqueles que estão querendo simplesmente assistir a um filme em que tenha violência, soco, e a boca-torta do Stallone botando para quebrar. E ele faz isso muito bem, sempre acompanhado da calma tradicional de quem sabe que é foda, afinal já bancou o Rocky Balboa, o Rambo e, claro, Cobra.
O roteiro é assinado por uma dupla conhecida como Larry e Andy Wachowski, que anos depois ganhariam fama como os diretores da trilogia Matrix. A trama gira em torno de Rath (Stallone), um assassino de aluguel, que começa a ser perseguido por um talentoso matador iniciante (Banderas). No meio da confusão, Electra (Moore), uma jovem hacker, vira a única pessoa em que Rath pode confiar. Espere por muitas cenas de ação em uma história onde todos os detalhes se encaixam, como por exemplo o perfume de Jasmim utilizado por Electra dá a deixa para um dos momentos mais tensos de Assassinos.
Um dos destaques é a apresentação de Juliane Moore com a mesma cara de adolescente rebelde que estaria em Psicose, três anos depois. Antonio Banderas oferece um dos melhores trabalhos de sua carreira, ainda que seu personagem seja extremamente exagerado e caricatural. Em alguns momentos, a loucura de Miguelito evoca a lembrança de Heath Ledger em O Cavaleiro das Trevas. O diferencial entre os dois vilões está nas motivações, já que o personagem de Banderas é claramente levado por suas ambições financeiras e em ser o principal assassino de aluguel em atividade.
Preste atenção na trilha sonora do longa-metragem. O “tema” escolhido foi “Like a Rolling Stone”, na versão que a banda de Mick Jagger fez do clássico supremo de Bob Dylan. A música toca em dois momentos, inclusive nos créditos finais, mas o que chama a atenção de verdade é ouvir “Sour Times”, do Portishead, em uma sequência de suspense muito eficiente. Para quem não está familiarizado, quando Assassinos foi lançado fazia pouco tempo do lançamento do disco Dummy, primeiro trabalho de estúdio da banda, e que ficou popularmente conhecido como a trilha sonora perfeita de sexo. É curioso perceber que o Portishead também funciona para criar uma atmosfera de suspense, ainda que não consiga superar a essência sexual das faixas.
Diversão garantida, Assassinos é indicado não apenas para os fãs dos filmes do boca-torta, mas para a maioria das pessoas que simplesmente valoriza boas produções de ação que não sejam desprovidas de inteligência. E como o filme envolve o encontro dos criadores de Matrix, com o diretor de Máquina Mortífera, mais um dos grandes astros da história do cinema de ação, dificilmente poderia dar errado.
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