Crepusculo humanizou os vampiros, não há dúvidas. Se foi para bem ou mal o público geral não está se importanto e prova disso são os números que a franquia rende tanto no cinema quanto nas livrarias. Stephenie Meyer tem motivos de sobra para comemorar: criou um fenomeno pop forte o suficiente para desbancar Harry Potter. Pessoalmente, estou cagando e andando para os filmes e livros da série. Um dia talvez perca meu tempo e leia os livros, da mesma forma que já perdi tempo assistindo o filme. Mas sabe quando você fica meio “ah, foda-se”? Se não fosse a série True Blood, o meu interesse pelos vampiros teria sido completamente evaporado e teria poucas chances de conhecer o filme sueco Deixa Ela Entrar.
Poucas foram as oportunidades em que o cinema resolveu abrir espaço para sugadores infantis. Consigo lembrar de dois exemplos agora: aquele filme medonho do nanico do Stuart Little e a presença de Kirsten Dunst em Entrevista com o Vampiro. Porém nenhum deles era baseado inteiramente no “drama” de um vampiro adolescente. Aproveitando essa brecha, e numa época em que o tema está em alta, o diretor Tomas Alfredson lançou em 2008 um filme bem diferente do convencional, se tratando de vampiros. Ao invés de usar o terror, os dentes e a sedução, Alfredson focou mais no lado emocional. Existem sim as cenas de violência (nunca gratuitas) e a sede por sangue, porém como detalhes que acrescentam o mote principal que é a amizade entre a vampirinha de 12 anos e seu vizinho indefeso.
Deixa Ela Entrar está longe de ser considerado um apenas como um filme de terror. Arriscaria dizer que até mesmo de vampiro, mas seria uma afirmação complicada. O longa é uma verdadeira demonstração de amor, cumplicidade, amizade, amadurecimento e principalmente a solidão. Capta os dilemas daquela fase em que somos obrigados a lidar com os valentões da turma e mostrar nosso valor. Se na minha época tivesse conhecido uma vampira como Eli, as coisas poderiam ser bem diferentes. Como não podia deixar de ser, Hollywood já adquiriu os direitos do livro que deu origem ao filme e planeja lançar uma versão norte-americana da história nos próximos anos. Dificilmente teremos atores capazes de superar o charme e carisma dos personagens do filme original. Mas isso não é novidade para ninguém, não é mesmo?
São quase cinco mordidinhas…